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Mensagens

A mostrar mensagens de novembro, 2010

O Sidónio de Boliqueime

O nosso abnegado líder que enquanto primeiro-ministro malbaratou os fundos comunitários de apoio, instituiu e distribuiu sinecuras pelos seus homens de mão, nunca concretizou as suas agora propaladas "preocupações sociais," vem agora, (bom discípulo de Frei Tomás) afirmar-se como o salvador da pátria. O presidente que viveu o primeiro mandato a desviar-se das gotas da chuva, que sempre apoiou as medidas restritivas deste governo, vem  feito pavão, de peito inchado e a arrastar a asa, afirmar que é ele e não outro o graal da nossa redenção. Fala dos mais desfavorecidos - ele que até poupa nos outdoors e que não vai receber a prendinha de natal costumeira para dar exemplo de poupança - como se fosse o seu paladino. Fala de coragem  ele que se considerava e a todos nós consigo, óptimo aluno dos ensinamentos ultra-liberais que tomaram de assalto a Europa e nos mergulharam nesta crise de contornos medievais. O homem que teve Sousa Lara no seu executivo, afirma-se rodeado de int

Portugal dos pequenitos

Uma democracia sem transparência é um Portugal dos pequenitos, uma mostra em dimensão reduzida de uma sociedade em que a cidadania é regra e o compadrio excepção. Uma democracia sem transparência é um número malabar, uma artimanha autocrática, em que tudo gira em torno não se sabe do quê. Em democracia o voto é apenas um momento, uma afirmação de vontade, um mandato; quem o recebe é responsável perante todos, em cada situação, por cumprir as suas promessas, tem a obrigação de manter visíveis os actos do seu consulado, tem o dever de ouvir os que o elegeram, de aceitar os limites do seu mandato. Não se lhe pode exigir a submissão sem termos à “vox populi”, mas é por isso que a transparência é inquestionável, para que todos saibam como e porquê certas decisões são tomadas em detrimento de outras, para que se possa responsabilizar ou não quem as assume. É fácil para quem dispõe de meios, candidatar-se a um cargo público. Cria uma equipa, engendra uma estratégia apelativa, debita as prome

E o mar continua à espera...

Este é um país à beira-mar plantado. Sempre que nos viramos para o continente minguamos, sempre que nos viramos para o mar crescemos. Ao querermos cumprir um sonho de novos ricos esquecemos que existe mundo para lá da Europa. Mordemos o engodo e ao fazê-lo, ao embarcar nesta aventura insensata de uma Europa sem fronteiras, feita de abundância e reciprocidade democrática, alienamos a nossa matriz Atlântica. Convencemo-nos que ao abraçar o desígnio europeu, deixaríamos de ser um pequeno país, juntaríamos a nossa voz à voz de um continente que se expressasse em uníssono. Puro engano, integramo-nos numa cacofonia indecifrável em que ninguém se entende e que entendesse, de pouco adiantaria  se Berlim quisesse gritar mais alto. Entretanto o mar paciente continua à espera...

Um mau suspense, uma má fita

Existem inúmeras maneiras de criar suspense, uma delas consiste em revelar logo à partida a identidade dos maus da fita, quais os seus objectivos, quem serão as suas vítimas. A partir daí tudo se centra na acção, no como e no quando, no fio da meada. Quando bem orquestrada a narrativa, o resultado é sublime. Várias obras marcaram de forma indelével o imaginário colectivo, a tal ponto, que outros menos dotados caíram na tentação de lhes criar sequelas e como todos sabemos, as sequelas por regra, nunca atingem as alturas da obra mãe. Dou-vos um exemplo: A queda do muro de Berlim. Essa fantástica viagem através da luta de duas potências antagónicas, desenvolvida através de uma guerra fria, com vários pólos de acção a desenvolverem-se em espaços distintos, de múltiplas formas, mas sempre a apelarem à atenção do espectador para o palco principal; sublime. Depois, a queda de uma delas, com as suas defesas a ruírem num estonteante efeito dominó e a abdicação final com a imagem simbólica de

os dez mandamentos

“ Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe.” Lentamente os fiéis foram abandonando o templo, primeiro os homens, depois as mulheres e as crianças. Só quando todos saíram, o padre se dirigiu à sacristia para tirar os paramentos. O seu ajudante já deveria estar à sua espera para o auxiliar. Mas a sacristia… encontrou-a vazia; mais vazia do que o habitual. Olhou em volta e reparou que Cristo não estava no crucifixo, o sacristão também não se encontrava no lugar de sempre junto dos gavetões, a arrumar os utensílios da missa. Uma sombra de preocupação toldou-lhe o olhar, de repente largou em correr pelas ruas da aldeia. As pessoas atónitas olhavam para o desvario e quedavam-se mudas, sem perceber a loucura do pastor, a correr desalmado e a murmurar: “não pode ser não pode ser,” como se o mundo estivesse para desafinar. Só se deteve à porta do sacristão, mas era tarde de mais, um imenso burburinho soltava-se de dentro; o ajudante do cura tinha a

24 anos já passaram, quantos se seguirão?

Cumprem-se hoje 24 anos de "Évora Património da Humanidade" A nossa cidade está de parabéns, mas mais difícil do que conseguir, é manter. Assim enquanto cidadão congratulo-me pela excelente manutenção do nosso património edificado, pela cuidada divulgação da nossa cultura no mundo, pela afirmação das nossas potencialidades. Congratulo-me ainda com a política de modernidade adoptada por este executivo camarário e consubstanciada na criação de um perfume e na atribuição de um espaço a uma colecção privada de design industrial, conseguindo assim de forma arrojada e visionária, a erradicação de alguns vestígios do passado que ainda subsistiam teimosamente dentro do espaço delimitado pelas muralhas. É bom saber que os nossos eleitos são gente de alcance, que não teme construir os edifícios a partir do telhado, como no projecto "Acrópole XXI", gente que sabe que os alicerces não são visíveis e por isso negligenciáveis. Parabéns Évora por aguentares tanto sem deixare

O triunfo dos porcos

A mobilização de ontem, não passou apenas pelos grevistas, passou pelos precários, pelos desempregados, por muitos reformados e pensionistas. Quando o governo lança números de adesão da ordem dos 26%, mostra apenas o quanto está desligado da realidade. Caminhamos para o abismo, para os braços do FMI, como se isso fosse uma inevitabilidade ou como se a solução passasse por aí. Se observarmos as medidas impostas à Irlanda e a subsequente reacção dos “mercados,” com uma subida meteórica das taxas de juro, se atentarmos nos sinais que apontam em uníssono sermos nós as próximas vítimas e olharmos para a subserviência do governo da república e do presidente candidato, percebemos que se a greve serviu para alguma coisa, foi para provar que chegou a hora de passar para outras formas de luta, mais drásticas, mais difíceis, mais dolorosas para todos. Teremos de derrubar esta armadura neo-liberal (fascista) que nos amarra o futuro, que nos força um caminho que não escolhemos. Chegou a altura de

Greve

Hoje não há nada p'ra ninguém

A greve e a não greve

Percorro de forma regular a blogosfera, gosto de comparar opiniões, de saber o que os outros pensam, tenho prazer em constatar a forma como o fazem. Nos últimos tempos, o tema mais abordado tem sido a Greve Geral do próximo dia 24. Fala-se da sua oportunidade, do que ela pode representar enquanto manifestação do repúdio, que percorre o país, pelas políticas de combate à crise adoptadas pelo governo do Partido Socialista com o apoio do PSD e do Presidente da República. No entanto emergindo do tom geral de apoio à greve, surgem por vezes opiniões contrárias, defendendo que é necessário trabalhar, silenciosamente como as formigas, comendo e calando, porque greves, manifestações, tomadas de posição, seriam nocivas aos interesses dos Portugueses, dariam de nós uma imagem negativa aos mercados, que é imperioso vender uma imagem de unidade, mesmo que ela seja falsa, mesmo que aproveite apenas a alguns. Ainda não foi há muito tempo que os senhores se passeavam de charrete pelos largos das pov

AJUDEM

Ajudem o José Sá a encontrar o Filho Ajudem-me a encontrar o Zé Luís O meu filho, José Luís Pinto de Sá, de 7 anos de idade, está desaparecido desde o fim de Julho. Foi sequestrado na cidade de Évora (Portugal), por Ana Maria Fernandes Nuvunga, de 34 anos, raça negra, dupla nacionalidade moçambicana-portuguesa. A sequestradora, que é procurada pelas autoridades portuguesas, levou a criança para parte incerta, provavelmente Itália, Inglaterra ou Espanha. Agradece-se qualquer informação que permita encontrar o seu paradeiro, devendo esta ser enviada para os seguintes contactos: josempsa@gmail.com tm: (00351) 966396103 fixo: (00351) 266731539 PSP (Évora): (00351) 266702022

Comunicado

A população do Concelho de Évora foi confrontada nos últimos dias, com a prática do Veterinário Municipal no desempenho das suas atribuições. Consideramos o abate destes sete cães no Canil Municipal uma evidencia do total desrespeito que o titular do cargo manifesta pelos direitos mais elementares daqueles que lhe são confiados. Independentemente da cobertura legal que tal acto possa ter, consideramos ultrajante que alguém justifique a morte dos referidos animais com a exiguidade do espaço disponível no canil, ou com motivos meramente economicistas. São desculpas absurdas, esfarrapadas, insultuosas, são desculpas que julgávamos enterradas desde 1945. Posteriormente veio também a lume a existência de um protocolo, estabelecido entre a autarquia e a Universidade de Évora, segundo o qual, os canídeos eutanasiados no Canil Municipal, seriam posteriormente incinerados no crematório do Pólo da Mitra da referida Universidade. Ao abrigo de tal protocolo, soube-se agora, canídeos saudáveis era

Ninguém sabia de nada

Ninguém sabia de nada! Quem sabia não falou e, quem falou não podia dizer que sabia, para não comprometer quem sabia e não podia falar. Entretanto durante anos, animais provenientes do canil municipal, foram utilizados nas aulas práticas de Medicina Veterinária. Como? Animais saudáveis eram dados como abatidos, ao abrigo da lei em que o Dr. Flor Ferreira se escuda e enviados para o crematório da Universidade sito na Mitra. Só que durante o trajecto, por artes de feitiçaria os infelizes ressuscitavam e, já que estavam vivos depois de lhes ser declarado o óbito, eram utilizados no apoio às aulas. Tão simples quanto isto. Alunas e alunos, professores, clínicos, funcionários, todos ou quase, sabiam. Não podiam adoptar os animais, afinal de contas eles já estavam mortos… Se os adoptassem revelar-se-ia o verdadeiro convénio, entender-se-ia como as coisas funcionam, como uma mão lava a outra. Por vezes alguém ia ao canil da Mitra e roubava um “defunto”, inventava-lhe novo nome, registava-o c

O bullying dos fanfarrões

A Nato é em certa medida a institucionalização do bullying. Um grupo de fanfarrões convictos do seu poder, que se organiza para atemorizar e agredir os que incomodam a expansão do seu umbigo. É também o braço armado daqueles que se sentem donos do mundo e necessitam dele para impor as suas políticas de desigualdade, de intolerância, de indignidade e desrespeito pelos direitos humanos. Sentimos agora na rica Europa, o peso do fascismo social em que vivemos. Imaginemo-nos em África, na América Central, em qualquer canto do mundo em que as pessoas fingem que sobrevivem com menos de um € por dia, em que as crianças trabalham escravizadas, horas a fio, em que os retro-virais são artigo de luxo, em que epidemias como a cólera são sazonais, em que as guerras são estimuladas para que sejam vendidos os refugos da Nato com retorno milionário. São esses os que nada têm as principais vítimas do bullying fascista, são eles que vêm a Lisboa reunir-se para determinar quais as próximas vítimas, para

Biltres

Soube agora que o Antigo Museu do Artesanato fechou para obras. É esta a perspectiva de cidadania que rege os decisores políticos desta cidade, decidem corajosamente nas costas dos munícipes, tomam decisões arbitrárias à revelia do mais elementar bom senso. Fazem porque podem, armados em tiranetes de ópera bufa, destroem o património cultural de uma cidade, de uma região, porque lhes dá jeito, porque num dia qualquer, numa sala qualquer se reuniram e decidiram entregar o que é público, um espaço que é de todos à exploração de um privado, contra todos os pareceres de todas as instituições relevantes na área da museologia, regionais e nacionais. E quais os argumentos por eles aduzidos? Argumentos pífios! Como pífias são as suas decisões, como pífia é a sua ética, o seu comprometimento democrático. Sempre contornaram de forma mais que duvidosa todos os argumentos contrários, sempre faltaram à verdade, sempre se esquivaram a dar a cara de forma frontal, digna. Agora que mais uma vez a sua

Isenção de IMI

Évora, 15 de Novembro de 2010 GARANTIDA A ISENÇÃO DO IMI A TODOS OS IMÓVEIS DO CENTRO HISTÓRICO DE ÉVORA A votação por unanimidade na Assembleia da República, em 12 de Março passado, de uma emenda ao artigo da Lei do Orçamento relativo à isenção do IMI, veio clarificar a aplicação deste benefício fiscal como automático e universal nos Centros Históricos Classificados como Património da Humanidade e Monumento Nacional. Tal deliberação parecia ter acabado com a perturbação causada pela falta de reconhecimento de mais isenções pelas Finanças de Évora a partir de Abril de 2009 e até ao presente. Aquela emenda veio corrigir uma interpretação deturpada da lei promovida pelo Presidente da Câmara de Évora, e deveria ter entrado em aplicação a partir de 26 de Junho, não fora a resistência passiva do IGESPAR a quem competia dar o primeiro passo neste processo, comunicando ao serviço local de Finanças a listagem dos bens imóveis isentos de IMI no Concelho de Évora. Nos últimos dias, no e

Sem Palavras

                                                          

INTOLERÁVEL

Não faço quaisquer comentários. Bom dia, Vimos por este meio denunciar a situação que se passa no Canil Municipal de Évora - Centro de Recolha Oficial, e que tomou neste momento proporções drásticas de desrespeito e desconfiança pelo nosso trabalho, para além do desrespeito pelo bem-estar  dos animais alojados no canil. Graças ao nosso trabalho de divulgação dos animais para adopção através de uma mailing list e site da Câmara, a adopção cresceu exponencialmente, chegando a aparecer várias pessoas interessadas no mesmo animal. O nosso ânimo tem sido elevadíssimo, atingindo o número de 100 adopções no corrente ano. Em anos anterior as adopções rondavam os 20 animais por ano. Apesar disso sofremos constantemente a pressão do Dr. Flor Ferreira que elabora semanalmente listas de animais para eutanasiar, com o pretexto de os animais não poderem permanecer mais de um mês no Canil, devido aos custos associados à sua manutenção. Sabendo nós que o custo da eutanásia é bastante superior aos c

Neo-Bufos

O DCIAP (Departamento Central de Investigação e Acção Penal) lançou um portal para que se possam fazer no mais estrito anonimato denúncias sobre casos de corrupção, garantindo que as referidas denúncias, desde que fundamentadas, serão alvo de investigação e que o denunciante será informado de todos os passos do processo. Se o caso seguir para tribunal, serão dadas todas as garantias ao denunciante de que a sua vida pessoal e profissional, não sairá beliscada, pelas suas revelações serem levadas à justiça. Confesso o meu espanto; segundo julgo saber, em Portugal essa medida não é inédita. Nos tempos da Inquisição era prática corrente a denúncia anónima, voltou a sê-lo nos tempos do fascismo e convém salientar que de ambas as vezes resultou em pleno, excedeu mesmo as previsões mais optimistas e muita gente acabou por ser queimada, presa, degredada em consequência de tais práticas. Dir-me-ão que é diferente, que agora tal medida se destina a revelar os prevaricadores de um crime difícil

Évora Vive

No passado dia 12 teve lugar na "Ler com Prazer" o lançamento do livro "Os Donos de Portugal" que contou com a presença de um dos autores, no caso Cecília Honório deputada do BE pelo círculo de Faro. Mas aconteceram pela cidade uma série de iniciativas, nomeadamente uma pública homenagem a Urbano Tavares Rodrigues, promovida pela revista "Alentejo", uma conferencia realizada na "SOIR Joaquim António de Aguiar" centrada na "Revolução Republicana de 1910", um concerto pela "Sinfonietta de Lisboa" na Igreja de S. Francisco, enfim... uma série de iniciativas, que demonstram não ser Évora uma cidade estagnada no que à cultura diz respeito. Junto à Igreja de S. Francisco existe o "Centro de Artes Tradicionais" que tem uma licenciada a fazer limpezas, a vender bilhetes, a tomar conta da loja e a acompanhar os visitantes do museu... As pessoas que foram homenagear Urbano passaram pelo "Salão Central" uma belíss

Perpetuar Tradições

A ASSOCIAÇÃO “PERPETUAR TRADIÇÕES”ELEGE OS SEUS ORGÃOS SOCIAIS A Assembleia Geral da associação “Perpetuar Tradições”, reunida ontem na sede do Grupo Pró-Évora, aprovou o Regimento Interno, votou o montante da jóia e da quota anual, discutiu a actividade a desenvolver ainda durante o ano de 2010, e elegeu os Corpos Sociais. A Mesa da Assembleia Geral é presidida por Adel Sidarus, e conta ainda com Manuel Branco e Joaquim Palminha Silva. Para a Direcção, presidida pelo artesão Tiago Cabeça, foram também eleitos António Carmelo Aires, João Andrade Santos, Celso Mangucci, e José Miguel Sampaio. O Conselho Fiscal é formado por Jorge Lourido, Carolina Páscoa, e Marcial Rodrigues. A   “Perpetuar Tradições”, cuja criação teve origem no movimento em defesa do antigo Museu do Artesanato de Évora, vai dedicar as últimas semanas de 2010 à instalação física e administrativa da Associação .Mas não vai esquecer a intervenção no campo da informação em defesa do projecto do Centro de Artes Tradicion

A lemming mania

Na sua ânsia migratória os lemmings, mesmo não sabendo nadar, quando têm pela frente um curso de água, tentam atravessá-lo morrendo afogados aos milhares. Todos seguem os que lideram, todos se sacrificam vaga após vaga, uns atrás dos outros sem hesitações. Nós humanos fazemos o mesmo, criamos lideres e seguimo-los, mesmo que isso nos leve à auto-imolação. Milénios, séculos de existência, não eliminaram em nós essa tendência. Ciclicamente procuramos a hecatombe, desejamo-la. Guerras, alterações climáticas que geram catástrofes naturais, pouco sábia repartição dos recursos disponíveis. Eis o caminho que trilhamos, sem sequer nos interrogarmos, sem sopesar consequências. Mas este é um trilho rasgado no efémero, porque na verdade o lucro, se o houver, é residual, e para que faça sentido tem de ser apenas de alguns, é um ganho transitório. Cedo desaparece sem aproveitar à maioria para ser substituído por um outro caminho ainda mais danoso, ainda mais volátil. A ocupação do Sahara Ocident

O Livreiro

Há em Évora um livreiro de quem sou amigo, que além de gostar de livros, gosta sobretudo de pessoas. Ele próprio enquanto pessoa, é um livro aberto. Na sua livraria, como nos velhos barbeiros, penteiam-se as palavras. Quem chega senta-se e conversa, simplesmente, de tudo e de nada, à volta os livros sorriem, sabem que não há pressa, que mais cedo ou mais tarde alguém lhes vai desvendar os segredos. A um canto, as estantes dos livros infantis - desarrumadas como convém a estantes que são visitadas por crianças - têm a seus pés uma carpete onde as miúdas e os miúdos se sentam para viajar pelas aventuras que saem dos livros sorridentes. Ali aprendem a amar a diferença. Por vezes o livreiro organiza reuniões em torno de livros, de ideias, de mensagens... Diz ele que lhe agradam as diferenças, que se sente bem entre elas, por isso todos são bem vindos. Tem sempre as mãos abertas a sustentar os sonhos, não gosta de os prender, não aprecia quem os agarra. Os sonhos são para ser partilh

Há sempre alguém que resiste

Manuel Alegre entendeu por fim, que mais do que um presidente nós necessitamos de um candidato. Entendeu que os apoios não se negoceiam, ganham-se! Entendeu que não são os partidos, por mais eleitores que representem, que definem a vontade de um povo. Manuel Alegre entendeu que só a distância da direcção do PS lhe garante o voto dos socialistas. Mas agora não são os votos nas urnas que pesam. O que conta, o que o povo pede é uma bandeira. Um candidato. O que se exige de Alegre é que ele seja a voz que se levanta contra as injustiças, contra as desigualdades gritantes que sufocam os trabalhadores, que aniquilam aqueles que vivem do seu trabalho. O que se exige do candidato é que assuma a revolta dos deserdados. Que lute ao lado dos que não são ouvidos, daqueles que são espoliados da sua dignidade, das mulheres e dos homens que se arriscam a passar pela vida sem que a possam viver. Que importa a quem tem fome o nome de quem lhe rouba o alimento? Que importam as palavras, que peso têm as

Crónica Diana FM

Dei comigo a pensar qual o tema a abordar na crónica desta semana? A aprovação do orçamento para 2011? A greve geral do próximo dia 24? As obras da Embraer? A visita do Presidente da República Popular da China? Ou questões mais prosaicas como a derrota do Benfica no Dragão? Talvez a cobertura noticiosa da visita do Papa a Santiago e a Barcelona? Mas, por mais que me esforçasse, nenhum destes assuntos me despertou a veia crítica, a vontade de uma abordagem digna desse nome. Estou deprimido, pensei com os meus botões, não é a falta de material que me limita; é a falta de vontade. Mas serei só eu? Ou será maleita generalizada? Depois lembrei-me de uma crónica que o falecido Luis de Stau Monteiro escreveu há uns anos atrás, defendendo que o melhor barómetro da economia são os sacos que as pessoas carregam à porta dos supermercados. A quantidade de géneros que eles contêm. Foi então que se fez luz. Não sou eu que ando deprimido, somos todos nós, se não todos, a maioria. A quebra do poder d