Cavaco Silva é bem o produto do meio em que foi criado. Nasceu e cresceu no seio de uma família da pequena burguesia rural, num Algarve nada cosmopolita. É o filho genuíno do Deus, Pátria, Família, do Estado Novo e nem a formação académica, nem o mundo que conheceu posteriormente, lhe abriram novos horizontes, ele não cresceu para trilhar os caminhos que a inteligência e o risco de inovação a ela associado comportam. Cavaco cresceu para subir na vida, tal como o seu pai o tinha feito, cresceu e formou-se para aumentar o pecúlio que lhe coube em sorte e para isso teve de estudar, porque nessa época o Algarve era o desterro. O instrumento de Cavaco é a esperteza, não a inteligência, a sua força é o empenho oportunista que coloca nos seus actos. Ele não induz, antecipa apenas, as suas metas são concretas, o seu percurso, dolorosamente linear. Não vejamos nele um homem de imagem reflectida, estudada ao pormenor, magnificamente representada como a de Mário Soares, magistral inté