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Mensagens

A mostrar mensagens de outubro, 2010

malcom X

Mais do Martin Luther King

Não passarão

Alguns que prezo, outros que me são próximos, outros ainda que não conhecendo ao vivo me merecem crédito, têm manifestado opinião diversa da minha no que à candidatura de Manuel Alegre diz respeito. Grande número deles participou activamente nas últimas presidenciais, em prol da eleição do mesmo candidato, que pelos vistos, não é bem o mesmo, ou sendo-o, os enganou há cinco anos atrás. Isso não lhe perdoam! E o desencanto é tanto que se manifesta em profunda mágoa, justificável diga-se em abono da verdade, porque aqueles que foram adversários, duplamente derrotados, por Cavaco e por Alegre, são hoje apoiantes deste último e não só são apoiantes, como pretendem tomar as rédeas da campanha, prevenindo a mais que provável e desejável inflexão à esquerda, que a candidatura assumiria se eles não estivessem presentes para a conter. Asseguram assim o ganho qualquer que seja o desfecho. Ou vence o seu candidato natural, Cavaco Silva, ou vence o candidato a quem declararam apoio, mais formal d

carta descartada

Vais deixar-me alguma coisa além dos gestos? Algo além das palavras ? Nervos e músculos e sangue, somos todos nós! Ou não é ? E tu, esperas o quê ? Que dúvidas te assaltam nesta incondicionalidade de amor? Esperas que cresça, para te inventares em aventuras que me não interessam ... Não achas que há um espaço só de nós dois ? Ou pensas que depende apenas de ti o crescimento de uma relação ? Nunca paraste para ver que os teus mitos não são os meus,meu caro. De que me serve a história da tua vida, se tenho de desvelar a hipocrisia das tuas histórias ... Não me vejas como projecção dos caminhos que só tu imaginaste poderem existir. O meu percurso tem contas com que tu nunca poderás contar. Não é o teu espaço que eu vou preencher, é o meu oh tonto. Pensas ou pensarás tu meu olhador de umbigo, que só porque gosto de ti, me condiciono às migalhas da tua experiência, ou julgas que não tenho asas, que preciso de ti para amar, para cultivar o meu caminho ? Os passos que eu dou são os meus pass

O Purgatório do Demiurgo Aníbal

Outra crónica da Radio Diana redigida há uns meses, o tempo deu-lhe razão. Esqueci-me no entanto de referir a existência do demiurgo Aníbal, o que finge... Os Anjos, os Santos e os pobres dos pecadores… A Deus o Paraíso, ao Diabo o Inferno, já o Purgatório é pertença de Anjos e Santos. O Paraíso fica no alto, o Inferno nas profundezas e o Purgatório no extremo ocidental da Europa. Os “Purgatorieses” não têm a consciência de habitar um espaço de expiação, por isso e também pela vaga sensação de culpa, que por vezes os assalta, são cordatos e cooperantes como convém. E como é governado o Purgatório? De forma simples e eficaz. Em primeiro lugar, há que inculcar aos “Purgatorieses”, serem eles os senhores do seu próprio destino. Organizam-se eleições para um parlamento de onde emerge o governo, expressão dos resultados dessas mesmas eleições. Só que a liderança desse governo, tendo aparentemente resultado da vontade expressa dos “Porgaturieses”, não passa de mera encenação. Quem determina

O Adamastor

Escrevi isto há um ano, continua pelos vistos o Adamastor a andar por aí. A semear os mesmos medos. A ser usado pelos mesmos capitães. A última semana foi rica em acontecimentos que por si só justificariam comentário, e certamente o farão, mas outros que não eu. O processo face oculta, que de certeza continuará oculta, pois até agora as faces expostas são as dos títeres que gravitam em torno do poder como as moscas à volta da luz. O programa do XVIII Governo Constitucional, minoritário iluminado, com tiques absolutistas. A previsível chegada em força do surto da gripe A, a mostrar a eficácia dos serviços geridos por este desgoverno da República. O anúncio da regulamentação do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Tudo isto para não falar dos temas recorrentes que qualquer comentador encartado utiliza, quando não é conveniente abordar assuntos mais melindrosos, tais como o futebol, a cupidez das instituições bancárias, que pelos vistos voltam à carga com a taxa de utilização dos cartõ

palhaços equilibristas

Esta novela protagonizada pelos partidos do eixo do poder e apadrinhada pelo Presidente candidato,põe a nu o que de mais baixo existe na natureza humana. Não se trata aqui de discutir um orçamento, de chegar a um consenso e avançar no sentido da aprovação de um documento em que se acredita. Trata-se apenas de empolar uma situação já de si má, para colher dividendos políticos. Neste caso a corda bamba, o tem-te não tem, é de toda a conveniência. Para o candidato porque lhe permite fingir que é um homem de acção e de consensos vários. Para o PSD porque no meio do esgoto a céu aberto é o composto menos degradado. Para o PS porque se afirma, apesar do mau cheiro generalizado, como aquele que ainda tem alguma hipótese de encarniçar o tratamento e dilatar o período agónico. Isto tudo embrulhado pelos media em papel de seda, encharcado em essências neo-liberais para abafar o azedo da decomposição e servido à hora da refeição por comentadores, que por acaso também são representantes da

Braços Abraçados

Biblioteca P�blica de �vora On-Line

Museu do Design - muito parra pouca uva

Ontem teve lugar na Antena1 um debate que versou a manutenção do Centro de Artes Tradicionais enquanto tal, no espaço que hoje ocupa, ou a sua substituição por um Museu de Artesanato e Design ou Design e Artesanato a criar. Participaram nesse debate a Dra Cláudia Pereira em representação da CME enquanto Vereadora da Cultura, a Dra Ana Borges, em representação da Direcção Regional da Cultura e o Dr Carmelo Aires em representação da "Perpetuar Tradições". Ao contrário do que foi afirmado na introdução do debate, a Perpetuar Tradições não é uma Associação de Artesãos, é uma Associação com artesãos, mas é acima de tudo uma manifestação de cidadania por parte de muita gente, que não apenas de Évora concelho e que se bate pela defesa do Artesanato Alentejano, defendendo por isso a manutenção nos moldes actuais do referido Centro de Artes Tradicionais. Convém referir que quem está encarregue da gestão do CAT é a Direcção Regional de Turismo, sendo ela por isso a responsável pelo de

O candidato Zinho

Cavaco Silva anunciou ontem a sua recandidatura ao cargo que ocupa. Fê-lo no centro cultural de Belém, símbolo do seu consulado enquanto primeiro-ministro, símbolo também da sua personalidade: junto aos Jerónimos, à Torre de Belém, mas de costas viradas ao Tejo, talvez no mesmo lugar em que o velho do Restelo teceu as suas críticas, fica o legado monumental daquele que foi o primeiro responsável pelo plano inclinado do nosso infortúnio. Não puderam estar presentes na cerimónia nem Dias Loureiro, nem Oliveira Costa, nem Arlindo de Carvalho, nem tantos outros, que ao longo dos anos deram o seu contributo, para que Cavaco Silva se possa agora assumir como o referencial de honestidade e transparência democrática que apregoa alto e bom som, mesmo para aqueles que já não o podem ouvir. Mas esteve gente suficiente e comunicação social bastante para ouvir e dar conta do discurso de vinte e cinco minutos, repleto de ideias e contributos e auto-elogios. Do futuro pouco disse, apenas umas fr

O Crocodilo

Cavaco Silva antes do anúncio oficial da sua candidatura, foi de peregrinação ao BES, agradecer os apoios para a campanha àqueles que já há cinco anos bancaram a sua candidatura. De passagem, manifestou a sua preocupação com a aprovação do orçamento, o seu desejo de ver tudo resolvido e a correr sobre esferas para não prejudicar a sua candidatura. Falou da cimeira da NATO e ouviu o seu "patrão", Ricardo Salgado falar da importância do acordo PS/PSD, para que os juros da dívida não aumentem. Aconselhou o Governo a ouvir os partidos e as suas propostas para o orçamento, deixando sub-entendido que para si o espectro partidário vai da direita à direita, os ditos partidos responsáveis. É de facto verdade que são os partidos responsáveis... pela crise, acrescentaria eu. Este homem é um Tartufo, um Abranhos, um factotum da especulação, mais um que se esconde atrás da ladainha dos "mercados" para desviar a atenção dos verdadeiros motivos que  conduziram a esta crise:

O abraço da serpente

Manuel Alegre mudou assim tanto das últimas presidenciais para cá? Que estranhas vicissitudes levaram um homem que congregou a esquerda possível; teria sido ainda mais esquerda se Louçã e Jerónimo tivessem tido a visão estratégica necessária para saírem de cena. Nesse caso talvez hoje não tivéssemos Cavaco como presidente… Mas que voltas terá dado o mundo, que estranhas convulsões metafísicas, lhe alteraram os genes, para ser hoje o perigoso aliado da ala direita do PS, ele que há quatro anos era para muitos a esperança da esquerda para ocupar Belém? Será que Alegre não se manifesta contra a política neo-liberal levada a cabo pelo poder económico e posta em prática pela maioria dos governos Europeus? Talvez a capacidade crítica de Manuel Alegre se tenha evaporado face ao presente envenenado que Sócrates lhe ofereceu e que ele aceitou sem perceber o colete-de-forças que voluntariamente vestiu. Talvez… Mas se Sócrates o fez foi por receio de Alegre, por medo de o ver na presidência. Sóc

Viva o Luxo

Truclas! O BES lança uma linha de crédito de apoio às exportações para a Líbia de 100 milhões de €. Oh larila! Cem milhões ali batidos para cobrir os riscos dos corajosos investidores... É claro que se trata da Líbia, o retorno está garantido, o risco de incumprimento é zero e etc e tal... Se fosse para o Burkina Faso, aí já seria a CGD, ou seja nós, a chegar-se à frente com os cem milhões. Isto é que é negócio, pá! (ver notícia  aqui )

Finalmente entenderam-se

Hoje estou muito feliz, o Orçamento vai ser aprovado. PS e PSD sentaram-se finalmente à mesa e sob o alto patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, com a inestimável ajuda do candidato ao cargo Cavaco Silva e com o avisado aconselhamento da banca e das entidades patronais, o país pode finalmente respirar de alívio. Orçamento aprovado, mercados tranquilizados e dívidas pública e privada a poderem aumentar exponencialmente até que sejam adoptadas novas medidas de austeridade. Podemos finalmente respirar de alívio, os países asiáticos continuam a produzir a todo o vapor, à custa dos baixos salários que praticam, mas nós por cá temos excelentes produtos financeiros; importamos quase tudo o que comemos, mas temos mais quilómetros de asfalto que qualquer outro país da união; temos a maior taxa de trabalhadores não qualificados da Europa, mas em contrapartida, pagamos as propinas mais elevadas; temos um serviço nacional de saúde sob fogo cerrado e os medicamentos a preços inco

Lá vai Calitro oh Toino (cont.III)

Bebi a groselha de um trago e a coisa começou a acalmar, a colher, entretanto caída sobre a toalha, estava vazia, Cláudia tinha partido… “Vá, vem comigo até à rua. Vai fazer-te bem apanhar um pouco de ar” disse João Juizinho numa voz de comando remoto, imperativa. Saímos. A dobrar a esquina, gritando compassados, um grupo de cabeças rapadas. “Hmmm, hmmm, hmmm, por cada esquina dobrada, um vendaval de pedrada” e atiravam pedras de calçada às pessoas, que aplaudiam entusiasmadas. “Hmmm, hmmm, hmmm, por cada esquina dobrada, um arraial de porrada” e malhavam na assistência, que batia palmas e incitava: “bis, bis, olá, olé, já levei um pontapé”. “Vamos mas é embora daqui. Não me apetece assistir a este espectáculo… É todas as noites o mesmo, sem duende, sem arte, sem chama, tudo meticuloso, tudo repetido…” disse o quase Desjuizo, enquanto me arrastava rua afora, aos tropeções nas caixas de esmola, dispersas pelos passeios, queixosas, abandonadas pelos deputados da República, que se tinham

Presidência da República

Esta é a questão. Com o actual detentor do cargo a renovar o mandato, sabemos bem o que nos espera. Nos últimos cinco anos o que fez Cavaco Silva? Cooperação estratégica? Com quem? Com os trabalhadores ou com o patronato? Qual a posição assumida pelo Presidente da República em relação ao BPN, ao BCP, ao BPP? Que atitude tomou o Presidente em relação ao escandaloso fosso social, que afirma os ricos, cada vez mais ricos e discrimina os pobres, cada vez mais pobres? Que magistratura exerce o Presidente nas instâncias internacionais? Ouvir e calar como aconteceu na República Checa? Que iniciativas concretas tomou o Presidente na sua volta a Portugal, para tornar públicas as condições de abandono em que vive o nosso interior? O que faz o Presidente quando vivemos uma das mais profundas crises de que há memória? O que fez de facto o Presidente neste mandato para se afirmar como Presidente de todos os Portugueses? Que intervenções públicas fez ele, para além daquelas que visavam a defesa do

A campanha bolo-rei

Todo este circo à volta do Orçamento, quando é notório que a única diferença entre as propostas do PS ou do PSD, se resume naquela que existe entre o lume e a frigideira. A substância, que é albardar o povo com os custos de uma crise pela qual não é responsável, essa, não se altera. Basta olhar para as alterações propostas pelo líder do PSD para viabilizar o orçamento. Só um celenita poderia duvidar de tal desfecho, (aprovação) mais, só mesmo um marciano não intuirá o que se segue. De Boliqueime ressurgirá o salvador da Pátria em outonal dia de nevoeiro; homem de imagem austera, pai conciliador, que, predisposto a mais um sacrfício, avança para a liça sob o estandarte das quinas, impondo austeridade, aconselhando benévolo os tresmalhados do seu rebanho, acalmando num gesto amplo e quase milagroso a devastadora tempestade que reduz este jardim a frangalhos. O grande líder, secundado pelos  lugares-tenente, Sócrates e Passos, avança com o seu exército público-privado para pôr a maral

Lá vai Calitro oh Toino (cont II)

Dito isto, virou costas e foi-se até à cozinha em pequenos passos de lebre saltitante. O restaurante estava praticamente vazio, apenas um casal, instalado numa mesa de canto e uma cantora já idosa que entoava, com voz de borrego, uma área de ópera verde que se queria verde. De súbito veio-me à memória a promessa de Cláudia Cristal: no cais, um pouco antes da meia-noite… Que veladas promessas de deboche essa frase continha. Os meus pelos eriçaram-se em aplauso perante tão promissora expectativa. A Diva, nos meus braços a cantar a Marselhesa à luz do luar… Ah! Que noite de glória para um descante a duas vozes… Como um serrote a cortar o meu devaneio Miguel Michael chegou de rompante com a sopa de tomate e um copo de groselha nas mãos. Fez um gracioso foueté e num gesto paquidérmico, largou na minha frente, quer a sopa quer a groselha, ambas fumegantes; gelo e fogo numa toalha verde. “Gostaste do meu Foueté? Foi para mexer a sopa, para agitar o gelo da groselha, para as tornar mais apetec

Lá Vai Calitro Oh Toino (cont.)

“Não estou a pedir desculpa, coisa nenhuma! Estou apenas a ensaiar uma aproximação tipo “coisa fina”, uma aproximação teatral”. “ Ah… mas de onde tiraste a ideia que eu aceito essa aproximação?” “Não tirei de lado nenhum, mas se não quiseres que me aproxime quem fica a perder és tu. Afinal de contas sou uma pessoa muito interessante, apesar de não saber aproximar-me.” “ Se o dizes” retorqui com indiferença. Virei-me na direcção da voz e o espanto apoderou-se de mim. Era Cláudia Cristal que estava ali ao meu lado, a falar comigo… a Diva canora, a estrela do momento. O meu coração melómano deu em bater descompassado, a garganta secou e as mãos, húmidas, contorceram-se em espasmos de frenesim erótico. A Cláudia Cristal, ali, ao meu lado, num autocarro. “ Imagination n’est pas don mais par excellence object de conquête” sussurei. “Un peu avant minuit près du débarcadère” respondeu a sorrir. Depois levantou-se e saiu sem me dar tempo de a seguir. A viagem terminara ali, pouco antes do meio-

O Povo Unido

As condições de vida dos Portugueses continuam a agravar-se a cada dia que passa. Mais e mais medidas de austeridade, com reflexos dramáticos no nosso quotidiano são anunciadas para desespero de quase todos. Cortes significativos nos vencimentos, aumento imparável do custo de vida, especialmente nos bens de consumo básico, por via dos impostos indirectos. A prestação de serviços como a saúde ou a justiça cada vez menos acessíveis; transformam o nosso quotidiano num verdadeiro calvário. Dizem os especialistas que a saída para esta crise passa pelo aumento das exportações, ou seja, temos de vender mais do que compramos. Mas vender o quê se não produzimos em qualidade e em quantidade suficientes, se a nossa economia se retrai de forma dramática? Se o dinheiro que pedimos emprestado serve quase e só para pagar os juros da dívida? Dívida privada entenda-se. Não é o que o Estado deve, não é a dívida pública, que nos atormenta os dias. É a dívida da banca, o dinheiro que os nossos bancos ped

Já Basta

Um dos riscos desta crise, talvez o maior deles, consiste na emergência dos valores que levaram à 2ª Grande Guerra. A direita ultramontana já há muito está no poder. Adaptaram-se aos novos tempos, entraram de mansinho e, perante a nossa indiferença, apropriaram-se do controlo dos Estados europeus. Enfraqueceram os sindicatos, que não tendo evoluído,não sabem dar resposta global, à ofensiva ultra-liberal, essa sim globalizadora. Neste momento as fronteiras existem apenas nos mapas, a crise dos "mercados", se alguma coisa mostrou, foi que o poder político se submeteu ao económico, que a promiscuidade entre os dois é agora total. A resposta há muito que deixou de poder ser pacífica. A crise é sistémica, a solução passa exclusivamente por uma alteração do actual paradigma. Se a esquerda anda adormecida, a extrema direita nacionalista já se mexe  e começa a afirmar-se nos sítios do  costume . É fácil capitalizar o descontentamento através de nacionalismos bacocos e de líderes

Quarta-Feira

Dedicado aos meus amigos com uma réstea de miolos nesta sociedade esquizofrénica: João Juizinho, Ana Aberração, Miguel Michael, Pablo Pipeta, Cláudia Cristal e Fábio Fogão.