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Mensagens

A mostrar mensagens de 2015

Ali onde tudo é possível

Ali onde tudo é possível Um equilíbrio de pé ante pé numa singeleza de voo de borboleta Um córrego pelas linhas do eléctrico a desaguar no Tejo Águas de levada, sonhos, ânsias, brisas Mesmo mesmo mesmo em frente à Sé, por cima das pedras fenícias, gregas, romanas, mouras, pedras com pedacitos da pele de quem por lá andou,  ouvem-se ainda os gritos do povo a chamar a revolta. “Querem matar o Mestre! Querem matar o Mestre” E o sol a girar, a girar, no milagre anual do Fernando de Bolhões E o Cesário, o Verde E tudo, mas mesmo tudo misturado no fado Tudo a ir A misturar-se com as águas do Bugio... com as naus e as caravelas e os veleiros de três mastros a zarparem para os Brasis que em Lisboa já se fala francês... O Rei e a Carlota Joaquina e a resma de piolhos e de cortesãos empoeirados que foram com eles, mais a régia biblioteca que por lá ficou. Imagino os molhos de sertão e de samba e de escravos negros, polidos a óleo de amendoim e a talhe de chicote, que

Crianças...

Quando não existe presente, todas as crianças transportam no olhar o peso do passado  e nós que os vemos, pensamos em que momento, em que encruzilhada do tempo, lhes roubamos o brilho. Não sabemos, não saberemos nunca, resta-nos a certeza de um mundo perdido

A Morte de Sócrates

O que resulta destas eleições em Espanha é a afirmação generalizada do descontentamento face a um sistema, que de representativo tem muito pouco. Os partidos tradicionais (seja isso o que for) reagem ao seu fim prescrito nas urnas. De plenipotenciários, passaram a instituições de facto sujeitas a escrutínio e andam numa roda viva a recolher todas as bóias que impeçam o afogamento. O medo apoderou-se dos seus quadros e, em poucos dias, passaram da arrogância à subserviência, da imposição à súplica. Fico à espera da resposta que os recém eleitos darão nesta crise, que é sobretudo o fim do paradigma em que assentavam as relações de poder. A ver vamos se alguma coisa restará de aproveitável nos escombros do séc. XX

Play it Again Sam

Produções Casablanca...

Dizem que é Integração

  A bela Maria, mãe dos gémeos e do pequeno Rogério, de mais duas meninas e um jovem surdo, vive com 380 euros /mês. Os 3 ou 4 cavalos ou mulas que tinha para vender foram apreendidos por ordem do ministério da agricultura porque não tinham documentos (condo eram-se com as suas lágrimas e deixaram lhe a mula branca que puxa a carroça). Recebeu hoje a decisão do tribunal de Elvas 210 euros de coima por acampar no olival das pias. (fotografias de Pierre Gonord)

PISCINAS? QUAIS PISCINAS?

Era uma vez a Piscina Municipal dos Olivais. Piscina Olímpica, a melhor do país. A essa  piscina  iam todos os jovens dos Olivais e arredores, iam também crianças, porque existia, resguardada da dos adultos uma feita à sua medida, com balneários e sanitários à sua dimensão. Toda a gente se orgulhava da  Piscina  dos Olivais. Quando alguém se referia à zona norte ou à zona sul do bairro, falava sempre das piscinas. A sul ou a norte, eram elas a referência. Nem vou falar dos namoricos, nem das tardes no bar, nem do mini golfe, ou do campo de ténis, ou do recinto de futebol de cinco. Falo apenas das piscinas que foram abandonadas, propositadamente degradadas e anos depois entregues a uma empresa privada, que as adulterou, transformou em ginásios e em parques de estacionamento e quejandices afins. Uma tristeza. Soube agora, daí a razão deste parlapié, que o estacionamento publicitado como gratuito, vai passar a ser pago. Quero saber se depois de nos roubar

O Tarot de Cavaco.

Cavaco Silva é bem o produto do meio em que foi criado. Nasceu e cresceu no seio de uma família da pequena burguesia rural, num Algarve nada cosmopolita. É o filho genuíno do Deus, Pátria, Família, do Estado Novo e nem a formação académica, nem o mundo que conheceu posteriormente, lhe abriram novos horizontes, ele não cresceu para trilhar os caminhos que a inteligência e o risco de inovação a ela associado comportam. Cavaco cresceu para subir na vida, tal como o seu pai o tinha feito, cresceu e formou-se para aumentar o pecúlio que lhe coube em sorte e para isso teve de estudar, porque nessa época o Algarve era o desterro. O instrumento de Cavaco é a esperteza, não a inteligência, a sua força é o empenho oportunista que coloca nos seus actos. Ele não induz, antecipa apenas, as suas metas são concretas, o seu percurso, dolorosamente linear. Não vejamos nele um homem de imagem reflectida, estudada ao pormenor, magnificamente representada como a de Mário Soares, magistral inté