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Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro, 2012

1300 DINHEIROS

Nós portugueses, não temos um Presidente da República, temos em seu lugar uma sombra, uma virtualidade. Em Belém habita uma figura sinistra e deplorável, um não cidadão. Um Presidente é um político, um homem de ideias, com pensamento consistente, com obra. Porque só com obra um homem se expõe, só com obra ele existe, e quando existe, existe também a coragem de ser, a rectidão de afirmar, de ultrapassar as suas fronteiras e assumir a tarefa que lhe puseram nas mãos, que lhe confiaram. Contra ventos e marés, contra os seus próprios interesses ocasionais, porque um Presidente é um símbolo, um garante da cidadania, uma luz, uma referência. Em Portugal em vez de um Presidente, temos um capataz, um ordenança, um sempre em pé, especializado na esquiva dos ventos, aprestado em servir quem lhe paga, quem o deixa aparecer em bicos de pés num rodapé obscuro de um livro que ninguém quer ler. Eis o homem na sua infame pequenez, o sacrificado, aquele que abdica de putativos ganhos p

Os Porcos Reproduzem-se

O homem que penhorou a retrete do Estádio das Antas e que seguindo a mesma linha   de pensamento excretou o programa eleitoral do PSD, o tal dos pentelhos, foi indicado para presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP. Vai receber 639 mil euros anuais que acumulará com a pensão de 9600 euros mensais. Num país em profunda recessão, com 20 mil pessoas abaixo do limiar de pobreza, com mais de 13% de desempregados, com uma inflação prevista superior a 3%, o que é que o homem tem a dizer? Apenas que  "50% do que eu ganho vai para impostos. Quanto mais ganhar, maior é a receita do Estado com o pagamento dos meus impostos, e isso tem um efeito redistributivo para as políticas sociais". Seria de supor então, que o combate à crise se sustentasse na criação de emprego, no apoio ao investimento e não no roubo absurdo perpetrado por este governo, à grande maioria dos cidadãos. Mas não! Rapa-se o taxo até ao limite e depois de tudo espremido aconselham-se as pessoas a em

Os Santos e os Pescadores

Escrevi este texto há algum tempo... A Deus o Paraíso, ao Diabo o Inferno, já o Purgatório é pertença de Anjos e Santos. O Paraíso fica no alto, o Inferno nas profundezas e o Purgatório no extremo ocidental da Europa. Os “Purgatorieses” não têm a consciência de habitar um espaço de expiação, por isso e também pela vaga sensação de culpa, que por vezes os assalta, são cordatos e cooperantes, como convém. E como é governado o Purgatório? De forma simples e eficaz. Em primeiro lugar, há que inculcar aos “Purgatorieses”, que são eles os senhores do seu próprio destino; organizam-se eleições para um parlamento, de onde emerge um governo, que é expressão dos resultados dessas mesmas eleições. Só que o líder desse governo, tendo aparentemente resultado da vontade expressa dos “Purgaturieses”, não passa de mera encenação. Quem determina a liderança são os Anjos e os Santos. De que forma? Existem duas congregações, a AIP (Anjos Influentes no Purgatório) e a CCP (Congr

no pasaran

Quem sou eu? O que faço aqui? Eu sou muitos. Sou todos aqueles que anseiam viver num espaço de liberdade, aberto, corajoso, capaz de se pôr em causa, de se despir de preconceitos e crescer humanamente com as diferenças que lhe dão forma e força. Sou os que sendo velhos, sobrevivem de velhas reformas dentro dos muros de uma cidade velha, numa casa incómoda que serve apenas para tapar o incómodo abandono a que foram votados. Sou os que começam longe a sua vida activa por não terem na sua própria terra condições para se fixarem. Sou milhares, milhões de vozes em uníssono a gritarem basta! Sou os sem-abrigo, os marginalizados que vivem à margem da sociedade, que percorrem toda a sua existência como sombras. Sou as minorias sem outra expressão que não a revolta, ou o sussurro do medo. Sou os imigrantes clandestinos, enclausurados na sua busca da liberdade. Sou as mulheres abusadas, as crianças violentadas. Sou todos os que não querendo são. Porque tem de ser assim. O