Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de março, 2013

A Europa do Burocrata

“Onde fica a Europa? Mas qual Europa? Pode especificar? Humm... a Europa… Mas há muitas Europas.   A do Euro, a do Sul, a do Norte, enfim, a que Europa se refere? Já sei! Se calhar a esse milagre genético do multicefalismo… Não é a essa Europa… mas olhe que é a melhor pista para chegarmos ao que pretende. Diga-me a sua origem por favor. Bissau? Mas onde é que isso fica? África?? Bom isso é um problema, não é muçulmano pois não? Ahhh, é muçulmano… Então e a sua pele, que cor tem? Claro que a pergunta faz sentido. Sou um burocrata, meu caro senhor, sou cego! Não o quero desapontar, mas parece-me bem que a Europa que pretende não passa de uma quimera. Tem mesmo a certeza? Sim, claro que estou a pôr em causa o que me está a dizer. Não existe nenhuma Europa como a que descreve. Ou é um mistificador ou foi enganado por alguém que lhe quis vender um produto de contrafacção. Bom, está certo, sinto que é um homem de bem e até consigo intuir que che

O Baile

Chegou como um monge, sem séquito, com um ar quase tímido e depois disse que viveu fora um ano, para estudar, para se dedicar à família, para dar espaço e tempo aos que ficaram, porque não queria que a sua imagem se interpusesse, que o seu carisma interferisse, que a sua razão tolhesse os passos dos que ficaram, disse da sua frugalidade, da conta única no banco do Estado, dos empréstimos pagos e por pagar, indignou-se por dele dizerem, injustamente o que mafoma não disse do toucinho. Vinha para uma entrevista, mas cedo percebeu que lucraria mais se essa entrevista se transformasse num debate. Foi o que fez, os seus interlocutores morderam o isco. A partir daí ficou senhor do palco, fez o que quis; transformou as críticas em cabalas, apresentou os seus números perante o desnorte dos funcionários incompetentes de um governo incompetente, desmascarou de uma penada o rasteirismo do presidente múmia. Falou de educação e contrapôs os veementes conselhos à emigração dos jovens, dados pe

A Ti Te Gusta la Plata o La Playa

Eu gosto muito do dinheiro, mas não é ele que me faz falta. Faltam-me as coisas que ele pode pagar. Comida na mesa, roupa no corpo, um tecto… Não incomoda trabalhar fazendo aquilo de que não gosto, se por via disso  conseguir ter  o que  preciso para viver, e já agora mais umas coisitas que me façam feliz, que dêem algum sentido à vida. Até acho que tudo o que é verdadeiramente importante não tem preço. Vejo mesmo, com a minha percepção de raios X, o ridículo que se esconde por detrás de muitas máscaras de sucesso dito económico. Mas que digo eu? Ridículo?!!! Antes trágico, tragicomédia encenada no vazio de muitas vidas aparentemente felizes. No princípio era a troca: quatro gansos por um porco. Pouco prático; o melhor é atribuir valor às coisas, acabar com as trocas e atribuir valor simbólico às conchas, são tão bonitas as conchas, ou ao sal, ou ao ouro… Porque não o Ouro. Esperteza! Houve logo quem se apropriasse das minas, mas tão ocupados ficaram a

O Regresso

Sócrates regressa hoje, com o frasco de cicuta no bolso. Agitam-se as almas puras, o malandro voltou, depois do mal que fez, depois de ter aniquilado os fundamentos do Estado, de ter levado o país à falência, ei-lo de volta, desavergonhado, cabotino, insensível às suas culpas. No fundo ele apenas regressou ao convívio dos que lhe são próximos. Dizem que terá uma agenda oculta... não creio. O que o trouxe foi a saudade. Saudade de Cavaco, saudade de Passos, de Relvas, o seu companheiro de percurso académico, saudades da justiça, saudades do imenso rebanho que de certeza o vai perdoar, saudades das pequenas coisas que fazem deste país um jardim à beira mar plantado. Sócrates não é melhor nem pior do que os outros, não é mais ou menos corrupto, não mente nem desmente numa dimensão diferente dos outros. Sócrates é o símbolo de todos os que têm detido o poder. Sócrates comenta o mesmo que os outros, com as mesmas palavras, a mesma ausência de ideias e o mesmo projecto pessoal de en

Que se lixe a Troika

Hoje dia dois de Março é importante que todos saiamos à rua. Que manifestemos a nossa revolta, o nosso descontentamento, que deixemos claro que não nos vergamos nem ao medo, nem à inevitabilidade imposta, que sabemos o que queremos e que, acima de tudo sabemos bem o que não queremos. Não queremos iniquidade, não queremos desemprego, não queremos o fim do Estado Social, não queremos perder os nossos direitos, para salvar um banca corrupta, para sustentar o capital financeiro, que nos impõe um poder político vergado aos seus interesses. queremos o NOSSO destino nas NOSSAS mãos