Chegou como um monge, sem séquito, com um ar quase tímido e depois disse que viveu fora um ano, para estudar, para se dedicar à família, para dar espaço e tempo aos que ficaram, porque não queria que a sua imagem se interpusesse, que o seu carisma interferisse, que a sua razão tolhesse os passos dos que ficaram, disse da sua frugalidade, da conta única no banco do Estado, dos empréstimos pagos e por pagar, indignou-se por dele dizerem, injustamente o que mafoma não disse do toucinho.
Vinha para uma entrevista, mas cedo percebeu que lucraria mais se essa entrevista se transformasse num debate. Foi o que fez, os seus interlocutores morderam o isco. A partir daí ficou senhor do palco, fez o que quis; transformou as críticas em cabalas, apresentou os seus números perante o desnorte dos funcionários incompetentes de um governo incompetente, desmascarou de uma penada o rasteirismo do presidente múmia.
Falou de educação e contrapôs os veementes conselhos à emigração dos jovens, dados pelo seu sucessor. Falou de austeridade e de investimento, falou de mistificações, de gastos, de créditos e réditos... falou do que quis, como e quando quis perante os atarantados entrevistadores que quiseram debater com ele.
Fez numa hora e picos, seguramente, mais oposição que o seu sucessor na liderança do partido em dois anos.
Saiu como um poor lonesome cowboy a esfumar-se na noite e porque era dia mundial do teatro, foi para casa ver o "Baile" e rir-se, rir-se muito destes otários todos.
Et voilá.
Ahhh! ainda teve tempo para explicar que o curso é de filosofia política, o mesmo que ciência política, explicou, como se nós fossemos muito directores de informação da RTP...
Comentários
Enviar um comentário