Sócrates regressa hoje, com o frasco de cicuta no bolso.
Agitam-se as almas puras, o malandro voltou, depois do mal que fez, depois de ter aniquilado os fundamentos do Estado, de ter levado o país à falência, ei-lo de volta, desavergonhado, cabotino, insensível às suas culpas.
No fundo ele apenas regressou ao convívio dos que lhe são próximos. Dizem que terá uma agenda oculta... não creio. O que o trouxe foi a saudade.
Saudade de Cavaco, saudade de Passos, de Relvas, o seu companheiro de percurso académico, saudades da justiça, saudades do imenso rebanho que de certeza o vai perdoar, saudades das pequenas coisas que fazem deste país um jardim à beira mar plantado.
Sócrates não é melhor nem pior do que os outros, não é mais ou menos corrupto, não mente nem desmente numa dimensão diferente dos outros. Sócrates é o símbolo de todos os que têm detido o poder.
Sócrates comenta o mesmo que os outros, com as mesmas palavras, a mesma ausência de ideias e o mesmo projecto pessoal de enriquecimento, custe o que custar.
Se os outros se indignam é porque sendo o seu conteúdo idêntico, ele tem outro estilo, outro panache, outro encanto, mais verve, roubar-lhes-á seguramente os tachos que julgavam definitivamente adquiridos.
No fundo o regresso do demagogo até nem será mau de todo. Zangam-se as comadres...
Até porque sem Sócrates isto não era a mesma coisa...
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