Caíram que nem uma bomba as declarações proferidas pelo Presidente do Parlamento Europeu, acerca do convite do governo Português ao investimento Angolano no nosso território.
Interferência na nossa soberania, ingerência despropositada, foram as críticas mais suaves que se ouviram, se calhar com alguma razão, mais por via indireta, como consequência das patacoadas, essas sim abusivas, da chanceler alemã, do que pela própria essência do discurso de Martin Schulz .
Em boa verdade, o cerne da questão consiste em saber até que ponto, estados democráticos, como Portugal ou a Alemanha, ou qualquer outro, ao negociarem com a China, ou com Angola ou com qualquer outra ditadura em que os mais básicos direitos do homem são ignorados, em que a corrupção é um instrumento banal de poder, com mortes, prisões, inimagináveis desigualdades sociais... não serão cúmplices de todas essas iniquidades.
Há que reflectir sobre se o dinheiro tudo justifica, ou se pelo contrário a economia deve estar ao serviço do homem.
Foi isso que Martin Schulz questionou, qual o caminho da Europa? Se pretendemos defender o Estado Social com os inerentes direitos de cidadania e para isso é necessária coragem e solidariedade entre estados, ou se pelo contrário admitimos sem reagir o menu neo-liberal que nos é imposto e abdicamos de tudo aquilo que construímos no pós-guerra.
Porque os exemplos abundam, e as ingerências de facto, como na Líbia, ou no Líbano, ou o doloroso lavar de mãos do martírio Palestiniano, são a mesma face dos interesses económicos da ditadura angolana, ou da chinesa ou de qualquer outra.
São no fundo a defesa dos mercados e a destruição da soberania dos estados e são o pólo oposto do que defende Martin Schulz
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