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O Burro do Inglês



Quem ilustrou foi Passos Coelho o insigne primeiro-ministro desta ficção que alguns insistem em apelidar de governo.
Confesso que houve uma altura em que cheguei a pensar que eles, (o governo) eram mal intencionados, que tinham como objectivo último dar cabo do país, integrar-nos numa pã-germania em que cumpríssemos o papel de contentor, consumindo os restos do lixo neo-liberal… assim a modos que o extremo esfarrapado de uma bandeira. Mas não! Eles (o governo) são mesmo burros!
É trágico mas é verdade. Convém, para que sigam melhor o meu raciocínio, lembrar-vos que estes cavalheiros se formaram no consulado de Cavaco, o tal do betão e do bom aluno, o homem do sucesso medido pelos bens materiais.
Para eles, sensibilidade social, política, ou qualquer outra, a bem dizer, são entraves ao grande desígnio da liberdade dos mercados, da auto-regulação, não lhes importam as desigualdades sociais, pois elas dissolvem-se com o desaparecimento dos mais fracos. São uns colonizados que aspiram a feitorias e a mando quando o patrão está ausente, são de facto e em suma umas bestas.
Quando o sr. afirma que é necessário trabalhar, está a dizer aos pescadores para pescarem, aos agricultores para cultivarem, aos pequenos e médios empresários para produzirem, só que já não há pesca, nem agricultura, nem tão pouco pequenas e médias empresas, o que há é um imenso e estéril vazio, uma cópia fiel das suas cabeças, (do governo) porque o pouco que havia destruíram e destruíram a esperança também, porque puseram fim ao Serviço Nacional de Saúde, porque transformaram as escolas em espaços onde os alunos desmaiam de fome, porque abdicaram de um país soberano para se contentarem com um quintal.
Fazem-me lembrar com a sua insanidade, com a sua insistência autofágica, a histórias do burro do inglês, que de privação em privação acabou por morrer, enquanto o dono se lamentava de tão triste desfecho logo quando a coisa começava a resultar e o animal se ia habituando ao seu estado de carência.
Com uma dívida pública de 110%, a maior taxa de desigualdade social, mais de 13% de desemprego, os juros da dívida a dispararem, os investidores estrangeiros a fazerem as malas, estamos mesmo como o burro do inglês…
Quando a cabeça não tem juízo…
 (imagem montada por David Varanda)

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