("two cunt faced"- Jake & Vinces Chapman)
Os ciganos são uma minoria, como muitas outras.
Das minorias se constitui uma maioria.
Acontece que a maioria é, hoje por hoje, um conceito difuso. Em permanente mobilidade, a maioria corre toda a sociedade, aqueles que numa a área determinada, a constituem, podem noutra ficar de fora e sentir na pele o ostracismo que regra geral acompanha as minorias.
No caso dos ciganos, ou de outras minorias étnicas sem território, o ostracismo evolui para um patamar distinto.
Não são apenas marginalizados, integram o papel do "outro" e são responsabilizados pelas falhas de um sistema social, que está longe de ser perfeito.
São o bode expiatório dos tempos de crise, o folclore dos tempos de abundância.
Não importa sequer que tentem corresponder ao paradigma, como o caso dos muçulmanos nos EUA, ou dos judeus na sociedade ocidental.
São forçados a assumir o papel de "bodes expiatórios", sem escapatória.
Não se trata de uma questão meramente económica, vai muito mais fundo. São a válvula de escape, que impede o "status quo" de se desintegrar numa nova explosão cósmica.
São eles os guardiões da ordem cosmogónica, a fronteira do caos.
O resto, as manifestações xenófobas, os "apartadiços higiénicos", são fruto de quem emprenha pelos ouvidos e segue na turba-multa para não ter de pensar por si
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