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Que posso eu dizer? Luis grande Luis



Na sexta-feira, no Sobreiro, às 20:30, quem quiser arriscar, pode vir viajar comigo pelos sabores de uns quantos condimentos e procedimentos culinários de aqui e de ali e, já sem riscos, com o Nuno do Ó, pelos sons e cores do dendê, talvez da canela e pimenta do reino. 
O Nuno vai cantar, bem como é seu hábito, e eu vou tentar cozinhar. O prato central vai ser moqueca mista, só podia ser mista em sintonia com a miscigenação da noite... sim, não ficamos pelo Brasil, vamos vaguear por aí!
Das entradas, as tâmaras com bacon lembrar-nos-ão que os ventos de mudança que sopram no Magreb percorrem desde sempre a rota do tempo, ziguezagueando entre as duas margens do mediterrâneo. “Revueltos” são os tempos que vivemos e também “los huevos con  setas” que, apesar de fungos em castelhano, soam nesta nossa pátria-língua, ao veloz galopar do Jinete de Rafael Alberti:
 “Galopa, caballo cuatralbo 
Jinete del pueblo,
que la tierra es tuya   
A galopar, a galopar,
hasta enterrarnos en el mar”
O queijo de ovelha, as azeitonas e o vinho alimentar-nos-ão o corpo e preencher-nos-ão o espírito de memórias que emergem da terra e identificam a gente. Com a moqueca de peixe e marisco atravessaremos outro lago, embalados nos acordes do lundum e envolvidos por outra brisa de mar e terra, mais que morena, mestiça nas cores, nos acordes, na essência. Nesta espécie de baile-de-roda o mundo pula e avança et voilá  "les crêpes glaces a la vanille", talvez nos adocem o paladar, mas não o sentir dos dias que passam e a vontade de voltar a gritar com Renaud lembrando Boris Vian:
“(…)  Monsieur le président
Je suis un déserteur
De ton armée de glands
De ton troupeau d’branleurs
Ils auront pas ma peau
Toucheront pas à mes cheveux
J’saluerai pas l’drapeau
J’marcherai pas comme les bœufs.(…)”
 Porque a amizade não tem fim não haverá ponto de chegada, estamos sempre de partida porque, meus amigos, “(…) se a vida é curta e a morte infinita despertemos e vamos
eia!
vamos fazer qualquer coisa de louco e heróico como era a Tuna do Zé Jacinto
tocando a marcha Almadanim!


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