Estou farto desta merda

Sou um homem comedido, procuro sempre ser justo e moderado nas críticas que faço.

Entendi envolver-me na vida da Polis, não por anseios de notoriedade, tampouco por dividendos que eventualmente pudesse colher, mas para ser útil, para dar o meu contributo enquanto cidadão.

A razão primeira para este passo, prende-se com o facto de ser pai, não quero que os meus filhos sejam forçados a viver num mundo cada vez mais desigual, não quero que os meus filhos sejam as vítimas futuras dos predadores, que, sob a capa de uma falsa democracia, constroem este matadouro neo-liberal, forma elaborada de fascismo social, que se alimenta das desigualdades, da miséria, da ausência de perspectivas; que sob a capa da Economia se esquece deliberadamente do Homem para engordar os homúnculos que o sustêm.

Qualquer espírito livre, generoso, sabe e sente, que a aposta principal, a prioridade das prioridades, é o ensino, a educação. É na escola que se cultiva a liberdade, o respeito pela diferença, a solidariedade desinteressada. É na escola que se adquirem os instrumentos para ser gente de corpo inteiro.

A Escola ensina a pensar. Por isso o fascismo não gosta dela, porque o pensamento é a base da liberdade.

Admito ideias diferentes no que à organização do ensino toca. Não posso admitir é que sob a capa de uma crise que não criamos, de uma crise que pagamos com língua de palmo - enquanto os responsáveis, protegidos na sua minúscula vara, continuam na engorda, entoando alegremente os seus cânticos de grunhidos… - se mexa na educação das nossas crianças.

Seria bom que a CME, que se afirma como paladina da educação, como foi recentemente afirmado pelo seu Presidente, explicasse porque é que vai alterar contra tudo e contra todos, os horários lectivos do primeiro ciclo do ensino básico, para enfiar aulas de inglês!!!! Às nove da manhã (altura em que as crianças estão mais atentas) e passar aulas de matemática ou português para o período da tarde. Seria bom que a CME explicasse o motivo desta decisão, que explicasse qual é o papel dos pais nesta história toda. Seria bom que a CME dissesse preto no branco, que esta decisão não tem nada a ver com cortes orçamentais, e justificasse de forma sustentada este aborto pedagógico. A seguir virá a educação física antes do almoço e por aí fora.

As Actividades de Enriquecimento Curricular são frequentadas por VOLUNTÁRIOS, é isto que está na lei.

AECs às nove da manhã? Brincamos?

Já se sabia que com os Agrupamentos Verticais, se deu mais uma machadada na qualidade do ensino público. Já sabíamos que os nossos filhos como nós valemos zero e só somos gente na hora de votar.

Não julgue o Sr. Presidente da Câmara que as pessoas são estúpidas, não lhe passe pela cabeça que a dignidade das pessoas se resume a cartões partidários, porque não é assim!

Os nossos filhos são SAGRADOS!

Amigos que me lerem, pensem nisto por favor.