O primeiro-ministro do país que habito, não se chama Sócrates, dá pelo nome de Pinócrates. O meu país não é Portugal, é a Mexilholandia. No meu país, o que hoje é verdade, amanhã é mentira. No meu país não existe povo, porque o povo não é soberano. No meu país existem servos da gleba e chico-espertos, vendilhões, homens sem dignidade, que por isso não valorizam a dignidade dos outros. No meu país quem paga a crise crónica são os reformados, os desempregados, os idosos, as crianças, os trabalhadores. No meu país há homúnculos que vivem de expedientes, criaturas corruptas sem cerviz. Varejeiras que vivem da merda do poder, que entregam alegremente o destino de todos na mão dos especuladores sem rosto. Biltres que não hesitam em sacrificar as gerações vindouras a troco de cifrões, de piercings dourados nos seus umbigos de nababos. No meu país a educação é um luxo, a saúde um negócio, a justiça uma miragem. No meu país existe um enclave chamado S. Bento, mas que para os amigos ado