Em Outubro de 2009, em plena campanha, o actual Presidente da Câmara chamou a si a responsabilidade pela limpeza da cidade.
Fê-lo até num tom pouco elegante para os funcionários municipais, dando a entender que se a recolha do lixo deixava muito a desejar, isso se devia à negligência dos serviços.
Passado um ano, sob a sua tutela, o lixo amontoa-se nas ruas, as ervas crescem, sucedem-se os grafiti, acumulam-se os cartazes nas paredes.
A situação piorou, não se vislumbrando qualquer iniciativa, da parte do responsável pelo pelouro, para obviar ao descaminho que as coisas estão a tomar.
Não é aceitável que uma cidade com a dimensão de Évora e com responsabilidades acrescidas, que derivam do facto de ser classificada pela Unesco, como Património da Humanidade, viva em tal abandono, em tão completo desmazelo. Em todas as freguesias se sucedem os exemplos da ineficácia do Sr. Presidente da Câmara para administrar coisas tão simples como a recolha dos resíduos urbanos, a limpeza das ruas, a manutenção dos jardins, enfim, parece até que a autarquia não dispõe dos recursos básicos, humanos e materiais, para cumprir a mais elementar das suas funções.
Poder-se-ia pensar que mesmo os próprios munícipes, de tão habituados à imundície, se resignaram, limitando-se a encolher os ombros num gesto de desencanto. Mas isso não é verdade, de todos os lados surgem reclamações, muitas delas até documentadas com fotografias bastante esclarecedoras do abandono a que a edilidade votou o espaço público.
Não colhe aqui o argumento da falta de dinheiro, já que milhares de euros são gastos em negócios ruinosos para a autarquia, de que o dito Festival do Alentejo, é um bom exemplo.
O problema reside na incompetência, no deixa andar, no inexplicável autismo do executivo camarário.
Qualquer dia o descalabro chegará a um ponto tal, que só com grande esforço e dispêndio de meios, será possível inflectir a situação.
Uma das soluções a que poderíamos recorrer foi a adoptada pela administração Giuliani em Nova Iorque com assinalável sucesso:
Chegaram eles à conclusão que uma cidade cuidada, com as ruas limpas, os edifícios arranjados, levaria a uma diminuição drástica da criminalidade de rua, já que um ambiente cuidado reflecte a presença de alguém que o controle, inibindo deste modo potenciais acções criminosas. O que é facto é que a criminalidade baixou consideravelmente.
Claro que em Évora o problema da criminalidade de rua, não se põe com a mesma acuidade, mas a mensagem não se resume apenas a ele. Se não existir lixo nas ruas, grafitis nas paredes, janelas partidas, ervas por todo o lado, mais cuidado as pessoas terão em preservar o espaço que é de todos.
Basta pôr equipas nas ruas, com a colaboração das juntas de freguesia, a recolherem o lixo, a repararem o mobiliário urbano, a removerem as tralhas acumuladas, a arrancarem as ervas.
Quando a cidade estiver limpa a manutenção será bem mais fácil e os nove mil espectadores do Festival do Alentejo levarão da cidade uma melhor imagem.
Outra solução é o Sr. Presidente passar o testemunho a quem saiba como resolver o problema.
Assim é que não.
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