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Crónica Diana FM


Retomo hoje as crónicas de opinião.
Como mandam as regras da boa educação, quero antes de tudo, saudar os ouvintes da Rádio Diana, desejando a todos, saúde, paciência, e, bastante estoicismo, para que possam aguentar os tempos que se avizinham, bastante mais complicados, ao que tudo indica, do que aqueles que temos vivido até agora.
Se a nível nacional as coisas não vão nada bem, basta olhar para os indicadores económicos, para o estado da justiça, para a galopante perda de soberania, com o orçamento a ter de ser ratificado por Bruxelas, e Bruxelas a necessitar de luz verde de Berlim. Com o governo a defender o Estado Social para consumo interno, enquanto na prática segue a voz do dono e continua a apostar na política neo-liberal e a desmontar os fundamentos do mesmo Estado Social que diz defender…
Cá por Évora, as coisas não vão melhor.
São inúmeros os temas a comentar, múltiplas as escolhas e nenhuma delas, infelizmente, pelas melhores razões.
Desde o lixo que se acumula pela cidade, à incúria na manutenção dos espaços públicos, desde os gastos injustificados e mal justificados, de que o dito Festival do Alentejo é um exemplo entre muitos; ao penoso reinicio das aulas, com o fecho de escolas que afinal já não fecham, mas pelos vistos vão mesmo fechar, tudo isto, sem uma reacção vigorosa por parte da autarquia. Não chegam só declarações de intenção, por muito gratificantes que soem.
Tudo, para mal dos nossos pecados, se conjuga para mais três anos de desacerto e desbarato dos nossos recursos, e não falo apenas dos recursos materiais, falo também do capital de prestígio que Évora foi adquirindo ao longo dos tempos e que culminou com a classificação de Património Mundial, conferida pela UNESCO e que, corre o risco de se esboroar como pão seco, sem que nada seja feito para inverter essa tendência.
Se tudo isto é mau, maior se torna o pesadelo, quando numa atitude que só posso classificar de autista, o executivo camarário, se recusa a abrir as janelas do Sertório, para ver o que se passa à sua volta, e, para que possam ser vistas as causas que estão na base das suas decisões.
Os munícipes são tratados como mentecaptos, com um fugaz momento de inteligência que se manifesta apenas na hora do voto, mas que rapidamente definha, repostos os senadores na cadeira do poder.
A forma como a edilidade está a gerir o pagamento das dívidas que tem, às associações desportivas e culturais, é deplorável.
Agremiações existem, que se vêem na contingência de fechar as portas, (e não falo do Juventude, que não vou aqui comentar) porque assumiram compromissos em função de uma verba, que é sua, já que prestam serviços à comunidade, substituindo-se à autarquia, fazendo das tripas coração, para cumprir a sua parte do acordo e ouvem o Sr. Presidente em sessão pública de Câmara, dizer que vai pagar, só não sabe quando. Seria caso para responderem da mesma forma aos senhorios e a outros credores, só que, infelizmente não podem, nem podem pagar vencimentos a quem lá trabalha. Não podem porque os eleitos não lhes pagam o que acordaram e ainda têm tempo para confundir verbas contratualizadas com subsídios.
Seria bom que na hora de votar, nós confundíssemos o Boletim de Voto com uma ordem de despejo.
Confusão por confusão, esta ainda faria algum sentido.
Até para a semana. 

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