Mais um ano lectivo, com o ministério da educação como de costume, a gritar aos sete ventos as suas boas intenções, a bondade das suas reformas, a sua paixão pela modernidade.
Novas tecnologias a ocuparem um espaço privilegiado na nova escola.
Novos edifícios, a albergar novos alunos.
Tudo novo, até novas alterações à lei.
As nossas crianças têm de sociabilizar, não podem ficar confinadas a escolas sem condições. As nossas crianças merecem mais do que três ou quatro colegas, ou cinco, ou seis. Têm de, no mínimo, constituir uma equipa de futebol.
Vivem numa aldeia isolada? Não há problema. Nós transportamo-las em segurança, com comodidade.
Até porque como toda a gente sabe, as aldeias isoladas são para fechar. Bom mesmo são os grandes centros, de preferência junto à praia, com estação de correios e dependência da Caixa Geral de Depósitos, com televisão por cabo, com centro de saúde e rede de transportes urbanos, com gente suficiente que justifique a privatização da água e dos Correios, com gente que saiba usar os cartõezinhos multibanco e utilizar a internet.
Essas aldeias escondidas no interior, são coisa de velhos, têm os dias contados.
Quando muito poderão servir para que alguém as compre por atacado e faça delas um aldeamento turístico, para o pessoal da cidade descontrair num espasmo pós-moderno de silêncio e meditação.
Quanto às crianças, elas habituam-se. As escolas não têm pessoal suficiente? É a crise, não há dinheiro. As actividades de enriquecimento curricular, estão distribuídas ad hoc, sem critério que não seja poupar nos encargos com formadores? Consequência da crise, não há dinheiro.
Fecham-se escolas, sem a salvaguarda dos seus alunos serem transferidos para sítios com melhores condições, à revelia dos Municípios e dos munícipes? Nem tudo é perfeito, se isso aconteceu, certamente foi determinado pelos custos.
Os Pais com menos possibilidades económicas ainda não sabem nada relativamente aos subsídios a que têm direito? O ministério está a resolver o problema e a breve prazo terão resposta aos seus anseios. Entretanto paguem os livros e as refeições na Íntegra, que um dia o dinheiro ser-lhes-á devolvido.
Existe um ditado sábio: Se vires alguém com fome, não lhe ofereças peixe. Ensina-o a pescar.
A escola é isso. Ensinar a pescar, pelos vistos, parece que o Ministério e a própria Autarquia, estão mais interessados com o acessório.
Talvez por isso se limitem a oferecer peixe.
Eu cá por mim, ocuparia a escola dos meus filhos, talvez assim aparecesse a comunicação social e fosse lá algum responsável botar faladura. Depois, era só agradecer publicamente o esforço que fazem para dar aos nossos filhos uma educação decente.
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