Abandonado no meio do pátio, está caído um soldadinho de plástico. Vou soerguê-lo, dar-lhe a dignidade de um sentinela perdido no meio do deserto, a observar a sua própria sombra. Está feito. No entanto ao pegar-lhe, reparei que não se trata de um soldado, mas de um vaqueiro, daqueles do oeste americano. com a sua mão direita, empunha uma arma pronta a disparar, com a esquerda, febril, tenta sacar da outra pistola, ainda no coldre. Resolvi deixá-lo só, lá no meio do deserto, a alvejar os seus fantasmas, como um filósofo. Fui buscar um cavalo, também de plástico e coloquei-o ao lado do intrépido vaqueiro. Quis assim recordá-lo, que, se quisesse, poderia sair daquele sítio. No fundo, a tentar dizer-lhe que os melhores confrontos, residem sempre no devir e quase nunca no mesmo lugar. Deixou-se ficar quedo, na mesma pose ameaçadora, enquanto ao seu lado, o equídeo, resfolegava num desassossego de partir. Patas dianteiras no ar, num gesto de desafio ao mundo, a tudo, a qualquer coi