Por tangos de anil
frementes
nos ritmos quentes dos trópicos
do lado de lá
suspiram gestas
submersas no fado
do lado de cá
E
a sua alma taprobana
luz e reluz e treluz
em ânsias de marear
É num ápice
que se despoja das vestes do medo
e corta as amarras que prendem à terra
Ei-la lesta
zarpando
num indizivel fogacho de prazer
Ai a aventura
que garboso eufemismo para a liberdade
Foi assim
entre mar e nada
que se deixou seduzir pelas festas do vento
Talvez lhe aprouvesse o ar
Então
criou asas e voou
um voo de concupiscencia
feito lavra
a rasgar a linha do horizonte
De um lado o céu
do outro o mar
Nesse acto de volúpia
despertou de novo os deuses
e trouxe
de volta à terre
a dor da imortalidade
Depois chorou
Só
com as mãos cheias de nada
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