Fechou a porta, escondeu a chave debaixo do vaso das begónias, acendeu um cigarro, olhou em volta e foi-se sem olhar para trás.
Apanhou o autocarro até ao cais, depois meteu-se num barco, atravessou o rio e teve de correr um pouco para apanhar o comboio já em movimento.
Por fim, sentou-se num lugar junto à janela e só então descansou.
Deixou-se embalar pelo movimento contínuo da carruagem e pelo som da composição em movimento.
Foi de um sono sem sonhos que despertou, a meio da noite, sozinho numa nave de ferro, no meio do nada, num movimento constante a rasgar o espaço e a noite.
Ficou sentado, imóvel como uma esfinge, como uma contraluz...
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