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Crónica Diana FM


Na passada sexta-feira, teve lugar uma Assembleia Municipal de carácter extraordinário, para que fosse pública e definitivamente esclarecida a interrupção do abastecimento de água à cidade no início do mês de Janeiro.
Tanto se disse, tanto se argumentou, que o Presidente da Mesa da Assembleia Municipal, resolveu e bem, por solicitação do BE, convocar a dita Assembleia Municipal Extraordinária, com um ponto único.
A prestação de esclarecimentos aos deputados municipais e deste modo à população, acerca do sucedido em relação ao abastecimento e qualidade da água distribuída para consumo público.
Confesso que fiquei tranquilizado, já que entendo ser a Assembleia o órgão municipal azado para tal desiderato.
O que se passou durante a reunião, a que assisti, não me cumpre aqui relatar, estará certamente registado em acta e disponível para consulta.
A oposição questionou e bem, no cumprimento do seu papel fiscalizador, o executivo e também os representantes da A. C. Alentejo e Região Hidrográfica do Alentejo.
Ficamos assim a saber o que já sabíamos, que o Alumínio não é um metal pesado e que não existe na natureza, que o excesso de Alumínio revelado nas inúmeras análises feitas à água não se deveu ao tratamento das ditas, mas aos 22 mil m3 de lamas depositadas numa das margens da albufeira do Monte Novo
Fomos também esclarecidos, da pouca toxicidade do Alumínio, que aliás é até utilizado no fabrico de objectos comuns no nosso quotidiano, como as latas de refrigerantes por exemplo.
Foi-nos dito que o limite aconselhado é de 200 microgramas por litro, mas que se esse limite for excedido, inclusivamente até aos 400 microgramas, não advirá daí risco maior para a saúde, afirmação que terá sido corroborada pelas autoridades sanitárias.
Foi afirmado que tudo foi feito dentro dos padrões de segurança exigíveis e que situação idêntica muito dificilmente se repetirá, já que a precipitação desde o período do Natal foi incomum, atingindo valores excepcionais.
Gostei até de ouvir o Sr. Presidente da Câmara assumir total responsabilidade pelas acções desenvolvidas, fiquei intimamente satisfeito quando a responsável pela RHA, ao ser questionada acerca de uma suspeitada privatização da distribuição da água em baixa, afirmou que a água é um bem público e portanto inalienável, confesso que até pensei em recolher a penates antes do fim, quando de repente o chão se abriu debaixo dos meus pés.
Então não é que o Sr. Administrador das Águas do Centro Alentejo, na sua qualidade de gestor de uma empresa que é detida em 28% pela Câmara Municipal de Évora, diz alto e bom som para quem o quis ouvir que a decisão de suspender o fornecimento de água tinha sido dele?
Que a Câmara não tinha de ser ouvida nem achada em tal decisão?
Que o tinha feito porque as autoridades sanitárias lhe conferem essa prerrogativa quando a água ultrapassa determinados padrões de fiabilidade?
Primeiro contradiz o Sr. Presidente da Câmara, o que é grave, já que contradiz um dos seus empregadores.
Depois arvora-se em intérprete iluminado da lei entendendo que a qualidade da água não é satisfatória, (a não ser que nos tenham mentido, e que os 4oo micro gramas por litro, leitura máxima nas torneiras, constitua de facto um risco) logo, suspendendo o fornecimento de um bem público.
E sublinho bem público, porque é importante que se saiba que ninguém pode ser privado de água por decisão administrativa de um funcionário, por mais qualificado que seja; percebem-se agora os riscos da privatização das redes de distribuição.
Que eu saiba o Sr. Administrador das Águas do Centro Alentejo não foi eleito, não tem nenhuma legitimação, sufragada para decidir acerca do que é nosso, ou definir o que constitui ou não risco para a saúde pública.
As escolas fecharam, pessoas faltaram aos seus empregos, a cidade ficou sem água porque o Sr. Administrador das Águas do Centro Alentejo, resolveu arvorar-se em representante dos interesses do município e decidiu suspender o abastecimento em alta?
O responsável político terá de ser o Presidente da Câmara, mas e o responsável civil?
Dizer isto aos representantes daqueles que contribuem com o seu dinheiro para que a Câmara detenha 28% do capital da empresa que o contratou…
Subiu-me o Alumínio à cabeça.
Até para a semana.

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