Um candidato a Presidente tem de ser politicamente engajado, tem de se afirmar através dos seus valores, apresentar ideias, defendê-las, tomar partido.
Um candidato a Presidente não pode pairar sobre o que se passa no país sem se manifestar, sem tomar posição, não pode dizer sim umas vezes, outras não, outras ainda nim.
Ou é a favor do PEC, deste PEC, ou é contra, ou está do lado daqueles que a cada dia que passa vêem o seu poder de compra reduzido, daqueles que caíram no desemprego e que não vislumbram solução para as suas vidas, daqueles que tendo descontado toda a sua vida activa, se vêem, atingida a reforma, espoliados dos direitos que julgavam adquiridos; ou não.
Um candidato a Presidente tem que dizer se está do lado da banca, dos especuladores, da minoria, que detendo o poder neste país nos levou a este estado de miséria, ou se pelo contrário está do lado daqueles que sem responsabilidade nos erros cometidos, se vêem forçados a pagar mais uma vez os dislates cometidos por quem anos a fio se serviu, mais do que serviu, de todos os portugueses, se está do lado do povo.
Manuel Alegre fez a sua opção e afirma-o para quem o quiser ouvir.
Não creio que a direcção do PS apoie a sua candidatura, julgo mesmo que apareçam com um candidato de conveniência, que divida a esquerda e que, numa hipotética segunda volta, caso Alegre passe, se mantenham calados, na esperança que alguns eleitores do seu partido votem convenientemente em Cavaco Silva, o homem da direita, mas que por conveniência política, leia-se pessoal, se mantém no seu afanoso nim, à espera que as coisas se decidam sem ter que mostrar aquilo que realmente pretende para este país, leia-se para si.
Quer o PS apoie Manuel Alegre, que está abertamente contra a sua prática política, quer apoie outra figura, estará sempre dividido; na tentativa de ir buscar votos à direita, Sócrates perdeu irremediavelmente o apoio de esquerda.
Quanto à esquerda, não tenhamos ilusões, o Bloco fez bem em apoiar Alegre.
A CDU irá sustentar uma candidatura própria, que nulas hipóteses terá de passar o crivo da primeira volta.
Tudo se decidirá numa segunda volta e aí será necessário que a esquerda se una.
Se a esquerda se unir, muito provavelmente Cavaco Silva irá passar a reforma em Boliqueime.
Esperemos.
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