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O poeta que queria ser presidente


Cavaco Silva é o homem cinzento das emoções contidas, é a diligente formiga que trabalha metódica, disciplinadamente.
Tem metas, que são as suas metas, olha em volta e vê o mundo moldado à sua imagem de tecnocrata; em gráficos. Para ele a boa governação é rectilínea, a cada pessoa um número, a cada número uma função.
Manuel Alegre é o arrebatado, dos gestos, das emoções; é a cigarra que canta e encanta, que provoca amores e desamores, o seu pensamento é sentido, emotivo.
Vê-se no mundo porque anseia mostrar-se ao mundo; não é homem de distâncias. Gente é gente, ninguém cabe num rebanho, ninguém precisa de um pastor.
Quem dita as regras são os Cavacos, não os Alegres.
Os Alegres desconstroem-nas.
Os Cavacos subvertem-nas.
Quando Alegre se candidata, fá-lo correndo o risco de ser usado.
Quando Cavaco se candidata, fá-lo consciente de que para ganhar, terá de usar alguém.
Se Sócrates (outra formiga) apoiar Alegre fá-lo-á tendo a noção que esse apoio irá beneficiar Cavaco.
Tal como beneficiou Cavaco ao apoiar Soares (formiga que finge ser cigarra).
O eleitorado de Sócrates não é coincidente com os apoiantes de Alegre, o eleitorado de Sócrates cindir-se-á
com um apoio ao poeta.
Cavaco sabe que se Passos Coelho (um coelho) ganhar a liderança do seu partido, vai precisar de Sócrates para ser reeleito, vai precisar do centro-esquerda.
A ambos convém uma candidatura que separe as águas.
Para ajudar Cavaco, Sócrates vai apoiar Alegre.
A esquerda vai dividir-se como sempre.
O PCP apoiará a candidatura de um dos seus.
O Bloco apoia Alegre e com isto reforça a inevitabilidade de o PS o apoiar (apoio envenenado).
É bom que numa primeira volta surjam diferentes candidaturas à esquerda. Aumentam o leque de opções, aumenta a possibilidade de uma segunda volta.
Sendo quase certo que o PS vai apoiar Alegre, não será menos certo que vai fazer campanha por Cavaco.
A segunda volta será determinante, se lá chegarmos...
A esquerda tem mais gente.
Felizmente.
Viva a Radio Argel!!!

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