Vivem-se tempos difíceis. Num país em que a média dos salários ronda os setecentos euros, não é atacando cegamente o bolso dos trabalhadores, atacando a segurança social, atacando indiscriminadamente a população menos favorecida com o aumento do IVA, por exemplo, que se consegue sair do atoleiro em que as políticas económicas do centrão nos colocaram.
Pelo contrário, caminhamos a passos largos para o abismo.
Sócrates e Passos Coelho só são diferentes na forma, não no conteúdo da sua política. Ambos pretendem aumentar os impostos, taxar o trabalho até ao sufoco, pôr nas costas da classe média e dos quase dois milhões de pobres que já existem em Portugal, o ónus da crise.
Não é aumentando os impostos, subindo o IRS, que resolveremos a situação dramática em que o país se encontra.
Quando a sobretaxa de IRS de 1,5% passar a incidir, como foi anunciado, naqueles que ganham mais do que 1285 euros por mês, isto significará, a título de exemplo, que um casal com dois filhos e 28 mil euros de rendimento bruto anual, pagará mais 38,3% de IRS do que pagaria actualmente, mas se o mesmo casal ganhar 100 mil euros anuais brutos, o aumento será de 5,1%.
Com estes aumentos de impostos e as reduções de salários previstas, em 2010 haverá em Portugal uma confiscação de duas semanas de trabalho, e, os portugueses entregarão por via disso, o rendimento, o produto daquilo que fizeram nessas duas semanas.
Mas em contrapartida não existe nenhuma taxa especial sobre os bónus extraordinários como o de António Mexia, que só por si, representa, num ano, 3oo anos do salário de um trabalhador qualificado.
De facto Sócrates e Passos Coelho não são diferentes, são as duas faces da mesma moeda, estão ambos numa corrida para ver quem corta mais depressa os salários, para ver quem aumenta mais depressa os impostos. Em toda a Europa estas medidas mais não fizeram que provocar um afundamento da bolsa que admitiu vir aí uma nova recessão, a pior notícia que poderíamos ter neste momento.
A solução não passa, não pode passar, por esta política de coveiros, passa isso sim, por uma política económica que proteja os salários, que crie emprego, diminua a precariedade, aumente as qualificações e obtenha impostos de quem nunca os pagou e não daqueles que sempre suportaram os custos das crises e, nunca viram os seus sacrifícios recompensados em tempos de vacas gordas.
Até para a semana.
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