Eu tive dezassete anos e tive sonhos.
Sonhos de um mundo em que eu pudesse participar, sonhos criados na crença de que o amanhã traria consigo parte de mim, do meu esforço, da minha vontade de crescer com o mundo, de vê-lo crescer comigo.
Agora olho em volta e vejo um supermercado, cheio de produtos cinzentos, expostos em prateleiras cinzentas, impostos a pessoas cinzentas sem luz nem chama no olhar.
E doem-me todos os que têm dezassete anos, como eu já tive. Mas que vêm os seus sonhos roubados pela cobardia da minha geração.
A geração do crédito desbaratado, mal-parado, a geração usurpadora dos sonhos dos seus próprios filhos.
A geração das grandes superfícies, cinzentas e frias. Feitas à nossa medida...
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