Fui de visita ao "A Cinco Tons" e deparei-me com esta posta.
Fez-me lembrar um filme de Chaplin, tão corrosivo é o humor que encerra. Não resisti, tive de importá-la aqui para casa e tecer breves considerações acerca do que nela li.
É um exemplo perfeito do "Tuga Urbano", esse maravilhoso tributo português à pós-modernidade.
Três jovens, três mentes brilhantes, decidiram dedicar as suas vidas à intervenção urbana através da acção directa. E o que fizeram? Manifestaram-se violentamente nas ruas da cidade? Assaltaram uma esquadra? Um banco? Uma Ourivesaria ou um posto dos CTT? Sequestraram alguém de reconhecido poder económico?
Não!
Tudo isso seria demasiado simples, demasiado óbvio, excessivamente corriqueiro.
Estes três mosqueteiros, que transportam em si os genes das cinco partidas do mundo, que acumulam desde a paciência chinesa, à subtileza indiana, à força explosiva dos africanos, aos apurados sentidos dos ameríndios, à febre marítima e aventureira dos Lusitanos; estes descendentes dos Mendes Pinto e dos Corte-Real; resolveram primeiro roubar uma carrinha de caixa-aberta, em seguida, numa epopeia sem memória, arrancaram do chão uma cabina telefónica e... ala que se faz tarde, abalaram com ela. Dizem que para lhe violar o cofre e, com os grandes proventos do roubo ir festejar o sucesso com uns camarões de rio e uma imperiais.
Deram-se mal. Foram surpreendidos pela polícia e tiveram de fugir, mas não sem a "cabina". Destemidos, abalroaram o carro patrulha e lançaram-se numa fuga épica com perseguições e percursos em contra-mão, acabaram por ser detidos quando um lancil de passeio público se intrometeu na sua marcha.
Deveríamos fazer como eles, ser criativos, ter rasgos de génio, momentos libertadores que nos dessem o acesso à imortalidade.
Num país condenado ao saque, em que os bancos são os maiores prevaricadores, em que o governo estrangula o trabalho com as mais variadas alcavalas, estes símbolos do paradigma nacional associaram-se á festa e roubaram uma cabina telefónica.
É assim mesmo! o que está a dar é roubar os pobres.
Os ricos, esses têm tanto, que mais roubo menos roubo, não lhes faz grande mossa.
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