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o governo que não gosta das pessoas


Há dias assim.
Planos traçados, agenda preenchida, vontade etc e tal; tudo a postos.
Só que as horas vão passando e nada, a caixinha das intenções refunde-se num espaço esconso de difícil acesso, as horas vão passando e, quando chega o momento das contas...
Hoje foi um desses dias.
Queria falar das escolas que vão fechar portas, dos putos dessas escolas a caminharem ordenadamente para as linhas de montagem do sucesso escolar, enfileirados, como mandam as regras, de estatuto do aluno enfiado entre as miríades de inutilidades que se vêem forçados a transportar nas mochilas sobrecarregadas; queria vê-los almoçar nas cantinas sobrelotadas dos rearranjos curriculares, a suportar ao fim do dia o regresso a casa, a fazerem os TPC, a jantar e ir para a cama, com os pais cansados, sem tempo para uma história ou sequer para um afago de mimos...
Queria falar dos putos que se interrogam por terem de ser eles a ficar fechados na escola horas e horas, de manhã à noite, em vez de serem os pais a sair mais cedo do emprego...
Queria falar dos putos que perdem identidade, que cortam os laços com as suas raízes, tão ávidos ainda de vida, tão dispostos a germinar afectos, dos putos que são preparados para a diáspora, porque é mais compensador aglomerar, porque o sucesso escolar é maior, porque a conviviabilidade mais estimulada.
Queria, falando de putos, falar de governos que não gostam das pessoas, que  se refugiam atrás de números que eles próprios não entendem, de governos que inventam teorias para justificar os seus medos, que fogem do mundo, da rua, da diferença. Dos governos que não gostam das pessoas, por medo.
Queria falar que só se tem medo do que se desconhece e só se ama o que se conhece.
Queria falar, mas há dias assim:
Mudos...

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