Há muito nas coisas expressas que transcende de largo o que retemos no olhar. Uma fotografia de alguém que desconhecemos, por exemplo, leva-nos sempre a uma viagem reveladora, véus soltam-se e mostram-nos sempre tudo o que o olhar frio da câmara não conseguiu revelar. A época, o enquadramento, o estatuto económico do fotografado…. Enfim, revela-se a pessoa por detrás da máscara. O mesmo com as cidades. As ruas desvendam quem as traçou, mas desvendam também quem as percorre. Não nos define aquilo de que dispomos. A nossa assinatura está no uso que lhe damos. Não resisto a contar aqui um episódio interessante. O meu amigo António, conhecido por “Homem Estátua”, cansado dos entraves colocados às suas performances nas ruas deste país, contou-me que a primeira vez que foi a Copenhaga, ao escolher um sítio para actuar, foi abordado por um polícia que, espanto dos espantos, lhe indicou um local mais conveniente, já que por desconhecimento da cidade, o bom do António tinha optado por um esp