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Torre de Babel



Vivemos tempos complexos, o conhecimento humanista, generalizado, em que sapientíssimos doutores dominavam todas as áreas do conhecimento, desde a semente que se põe na terra às estrelas do firmamento, acabou.
Hoje especializamo-nos, os nossos conhecimentos aprofundam-se, mas em áreas específicas, determinadas; é humanamente impossível tudo abarcar, a não ser pela rama.
Habitamos e construímos, na nossa ânsia de tocar o absoluto, a nova Torre de Babel.
Torre feita de alvéolos, habitados por distintas corporações, os médicos, os biólogos, os físicos, os pedreiros, os padeiros e por aí fora, todos independentes com os seus próprios signos e códigos, todos interdependentes, porque só se justificam na sua totalidade.
Maravilhosa arquitectura esta, mas frágil, porque necessita de um esperanto, só resulta se de todos os signos comunicacionais emergir um signo comum, um esperanto que lhes evite o descaminho. 
Esse esperanto é o elo mais fraco da Torre de Babel, porquanto dependendo da disponibilidade de todos os alvéolos para entre si comunicarem, torna-os simultaneamente dependentes da sua capacidade de os interligar, tem de ser funcional.
Se por qualquer razão um alvéolo não cumpre a sua função, se falha e a comunicação for interrompida, os outros falham em cadeia e a Torre colapsa, já que os seus códigos próprios não permitem tradução.
Todos se dispersam e vão cessando, porque só sobrevivem no conjunto.
Se falha por exemplo o abastecimento de água a uma cidade e não existe comunicação da previsível ruptura, tudo nessa cidade começa a falhar.
As escolas fecham, os restaurantes fecham, os pais não vão trabalhar porque não têm outra alternativa senão ficar a tomar conta dos filhos, empresas começam a trabalhar a meio gás, porque não têm funcionários suficientes para suprir as suas necessidades, outras empresas cessam mesmo a laboração porque dependem do abastecimento de água, os problemas vão-se acumulando e de súbito tudo pára.
Mesmo que a ruptura total não chegue, a auto-confiança do sistema sofre um dano irreparável.
A solução é descobrir onde surgiu a falha. Se foi comunicacional, saber se a informação não foi transmitida por desconhecimento, se não foi transmitida por erro de avaliação, se não foi transmitida por pura incompetência.
Saber se foram transmitidas informações erradas e se o foram porque motivos. Por falta de previsão, por previsão a mais, por desgaste do material pensante?
De qualquer das formas para regenerar o sistema todos os dados têm de ser trabalhados e conclusões tiradas…
Sabendo de antemão que sem transparência não há comunicação e sem comunicação…
Adeus Torre de Babel.
É Bíblico.

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