Redigem-se manuais, comenta-se, afinam-se estratégias, congeminam-se possíveis alianças. Amores e desamores combinados em danças encantatórias de pássaros Kiwis, emplumados e sedutores, numa voragem efémera de ter algo a fazer, algo a acrescentar.
Nada de novo, o que não seria grave, se não fosse tudo muito velho, velho de mais!
Cacos ligados por gatos de metal, colocados em lugar de destaque numa prateleira conveniente de uma tasca retro, que todos frequentam, todos clientes assíduos desse franchising parlamentar, espalhado pelo mundo, de Pretória a Reiquiavique…
Entretanto o mundo chia, mandam-se emails e SMS e em segundos tudo se debate numa Ágora global que extravasa parlamentos e ideologias e estratégias Bismarkianas de manutenção do poder.
Esquecem-se os mandatados que o Homem está cada vez mais próximo de Deus…
As asas de Ícaro, já não são feitas de cera, são asas efémeras, virtuais, que sobre passam o tempo e o espaço e voam para longe, movidas pelo toque de um dedo numa tecla, em qualquer canto do mundo.
Julgam os eleitos do povo, que os votos conferem sageza, mas não. Convencem-se que o estatuto lhes confere impunidade e de tão desvairadamente cegos pelo reflexo do poder, decidem da prioridade dos debates sem abrir as janelas dos areópagos, sem deixar entrar a “vox populi” que só eles não escutam.
Nas ruas, as pessoas debatem os assuntos do quotidiano, pragmaticamente, confrontam-se com os custos do dia-a-dia estoicamente, e quando olham lá para cima, para a Acrópole, que domina a cidade só vêem muros e portas cerradas. Ficam furiosas porque sabem que essas portas só se abrirão daí a alguns anos na hora do voto.
Entretanto organizam-se e organizando-se percebem que o poder tal como se manifesta, é apenas uma miragem, uma ilusão criada por uma sociedade que já não existe e é mantida apenas pelo medo de mudar.
Percebem que o mundo se alterou e olhando à sua volta vêem que apenas as instituições que os deveriam representar se mantêm inalteradas de séculos, que a liberdade acompanha a vida e não se pode conter dentro de limites que já não são referências para ninguém.
Descobrem que transportam consigo dentro do bolso a nova revolução, e, comunicam e governos caem e bancos abrem falência e as verdades escondidas surgem imparáveis em ondas poderosas.
O mundo mudou e lá na Acrópole, uns anos depois, ao abrirem as portas para mais uns votos, os eleitos estupefactos finalmente percebem que já ninguém lhes liga, que já ninguém os ouve…
Talvez assim entendam a tempo que o mundo mudou.
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