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Callas de amor a alguém que nunca foi, mas que poderia ter sido.






Como se do rio que me seduz a janela,sobressaísse apenas o rastro das naus que abraçaam o mundo.
Fantasmas, apenas fantasmas, nada mais! grita-me a angústia ao ouvido da alma.
Mas eu garanto-me o contrário, por isso escrevo espesso, que é a cor da minha memória, a veste atávica deste fado mareante.
Não importa o rastro, tãopuco as naus que o desenham; importam-me os homens, esses circum-navegantes da vida, que volta após volta, lavram um mundo maior que o tempo, maior do
que a própria existência.
Não é um rio de lágrimas esse que me seduz a janela.
Essa janela, meu amor, é nossa.
Que palavra, que mágica?
Como posso eu, que dia a dia te pressinto, te aspiro, escrever a espuma de ti, sem me tornar Narciso e confundir a paixão com o espelho...
Sorris, nesse teu jeito simples de fazer as coisas, todas as coisas, e eu, insisto, no meu trejeito arrebatado de ser.
Todo o meu Sol, oh fazendeira, se compraz em iluminar as pequenas coisas que inteiram a vastidão sempre crescente do todo, dessa sublime dispensa da some de todas as coisas.
Sorris, e atua Lua dá-me a distância que permite ver.
É um reflexo apenas, dizem os outros, aqueles que se plasmam por fora.
Sorrio eu agora, eu, que já me pensei Lua e esperei um raio, pequeno que fosse, um luzimento apenas, só para reflectir a alma.
Sorrimos ambos, não os dois, importante é sorrirmos ambos, cada um com a sua diferença...



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