Avançar para o conteúdo principal

Crónica Diana FM


Faltou a água na cidade.
Primeiro foram condutas que cederam ao excessivo caudal, depois foi o alumínio depositado no fundo da albufeira do Monte Novo, que subiu, impulsionado pelo turbilhão que a água chegada à dita albufeira originou e a contaminou tornando-a água imprópria para  consumo e motivando a suspensão do fornecimento, a seguir foi um erro técnico decorrente do excesso de alumínio utilizado para depurar a água da barragem, por fim descobriu-se que afinal o busílis esteve nas lamas decorrentes do tratamento, depositadas nas margens em lugar de serem removidas para local seguro, evitando-se assim a sua escorrência para a albufeira.
Tudo isto foi acontecendo a galope, amplificado pelo desconforto que a falta de água inevitavelmente provoca.
Outros municípios houve que lidaram com o mesmo problema, sem ter de suspender o serviço, sem correr o risco de fornecer água contaminada às populações, bastou-lhes terem um plano de contingência. Quando foram confrontados com a situação, recorreram a outras fontes de abastecimento, controlando a situação sem grandes alardes.
Por cá, a coisa fiou mais fino, porque o plano de contingência foi outro, foi o chamado plano poker, primeiro faz-se bluff, depois acredita-se na sorte e espera-se que o bluff resulte. À medida que as cartas forem saindo aumenta-se o bluff na esperança de ludibriar o parceiro, se o jogo for desfavorável, ou então de colher mais dividendos caso a sorte não abandone.
Foi por isso que vimos o circo mediático chegar à cidade, montar a tenda e difundir o bluff, sem sequer na maior parte das vezes se incomodar em investigar o que de facto se estaria a passar. Ficou geograficamente contida a ópera bufa às fronteiras do Concelho.
Mas a vida não para e as pessoas exigem saber o que se passa; nova versão do bluff para a segunda fase do plano poker. Silêncio total, nem o Dr. José Ernesto, Presidente da Câmara, nem o Dr. Oliveira, responsável pela Protecção Civil, nem tão-pouco a empresa Águas do centro Alentejo, se fazem ouvir, nem uma gota de frontalidade, nem sequer uma partícula de transparência.
Divulgação dos resultados das análises que foram sendo feitas, para que a população saiba qual a qualidade da água fornecida, seria o mínimo exigido num estado democrático, aqui por Évora talvez fosse o rabo do gato escondido na incúria e na incompetência.
Assumpção das responsabilidades, com a pública divulgação de todo o processo, seria pedir de mais.
Felizmente, em democracia os cidadãos tem direito a participar, a inquirir, a serem ouvidos e por isso esta história não vai ficar por aqui.
Mas convenhamos que o novo ano não entrou nada bem, ai isso não.
Até para a semana.    


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A historia da Girafa sem Pescoço

Era uma vez uma girafa, muito simpática, que morava numa enorme savana, lá bem no coração de África. Mas a nossa amiga girafa, não era completamente feliz. Tinha uma pequena mágoa sempre a roer-lhe a alma. À primeira vista ninguém conseguiria dizer que ela não era uma girafa como as outras, com o seu enorme pescoço e as manchas castanhas a cobrirem-lhe o corpo amarelado. Como as outras girafas, tinha o seu jeito desengonçado de andar e o hábito de mastigar as folhas que ia tirando das árvores. Quem a visse diria sem qualquer dúvida que ela era uma vulgar girafa, a viver a vida de todas as girafas, mas não era bem assim. Lá na savana, ao cair da noite, todos os animais se juntavam e conversavam, contavam histórias e cantavam juntos canções que iam inventando no momento, mas, a nossa amiga limitava-se a ouvi-los, porque da sua garganta não saía nem um ai. Por ter um pescoço tão grande, ela não conseguia emitir qualquer som, mesmo o mais insignificante e  era essa a causa da sua mel...

Os cães no Santuário de Fátima

Continuem a fechar os olhos...  Ju Carvalheiro O ESCANDALO do Santuário de Fátima em relação ao abate de animais é conhecido de muitos, mas ninguêm ainda conseguiu parar esta crueldade . As ordens partem da Reitoria do Santuário, para que todos os cães que aparecem por Fátima, quer sejam adultos ou cachorros, quer tenham donos ou não, são capturados pelos seguranças e colocados na caixa que apresentamos em foto. Esta caixa está mesmo nas traseiras do santuário, no local das oficinas. Ali ficam os cães durante algumas semanas, ao frio e á chuva de Inverno, á chapa do sol, no Verão. Sem direito a comida ou água, num espaço minimo onde a maioria nem se consegue colocar de pé... Existem alguns seguranças que não levam os cães capturados para este local, conseguem levar alguns para casa e adoptam-nos ou arranjam donos entre os seus vizinhos ou cologas de trabalho. Boa gente esta que sofre em ver os animais assim tratados, mas que se sente impotente com a ameaça de perderem os seus...

Abril dos meus encantos

Amanhã 25 de Abril Para muitos é uma data de calendário, um dia que foi e que se celebra por ter sido. Um marco a definir o antes e o depois. Antes a bruma medieval do fascismo do Estado Novo que se tornou velho, depois a Democracia, os cravos, o povo unido, o folclore produzido por aqueles que sendo passageiros do antes, tentaram impor de todas as formas o regresso às trevas da oligarquia que nos dominava. Para mim 25 de Abril será sempre o de 1974, quando eu tinha dezassete anos e encarava o mundo como um campo por lavrar, um imenso campo onde todo povo coubesse, uma lavra que por ser de todos não seria nunca de ninguém. Tinha então dezassete anos... Fui para o Carmo e andei pelas ruas e cantei e bailei e festejei antecipadamente o meu direito a errar, porque errar significa optar e optar é poder corrigir o erro. Desses tempos um ensinamento me ficou, uma mensagem de Abril, talvez a mais importante. Não há que ter medo! o medo é o pior inimigo do sonho, o medo tolhe, o medo s...