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O Arrogante


-Eu sou honesto! Mais honesto que eu não há.
-E menos honesto?
-Menos honesto?
-Sim, menos honesto. Por exemplo: numa escala de zero a dez, que valor atribuiria à sua honestidade?
-Bem... assim de repente... sei lá... olhe! nove e meio.
-Então não é honesto.
-Não sou honesto?
-Não. falta-lhe meio valor para ser honesto.
-Essa agora...
-Claro. A honestidade é um valor. Concorda?
Sendo um valor ela é absoluta, ou se é honesto ou não.
-Mesmo assim eu sou mais honesto que os outros.
-Não, poderá quanto muito ser menos desonesto.
Partindo do princípio que me está a dizer a verdade; nada me garante que esse meio ponto que lhe falta, não se refira a uma incapacidade de falar verdade.
Pode ser desonesto porque falta à verdade, ou porque rouba, ou porque não não respeita compromissos...
-Esse meio ponto deve-se apenas à minha modéstia.
-Significa isso que mentiu por modéstia quando afirmou não ser cem por cento honesto?
-Sem dúvida.
-Mentiu então por modéstia.
-Menti
-Honestamente?
-Honestamente!

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