Lá pelo Gharb as coisas não andam muito bem.
O Califa de Boliqueime descontrolou-se e começa a atirar em todas as direcções, não cuidando sequer em resguardar-se das suas próprias setas.
Do alto do púlpito oferecido, ele que na sua arrogância garante que sem si o pão sairia com bolor, os galos anunciariam o crepúsculo e os rios nasceriam do mar submergindo com as suas incontidas águas toda a terra, não se deu conta das vozes que entretanto se levantaram do sepulcral silencio e que aos poucos foram questionando tamanha empáfia:
"Se é assim tão honesto, porque não acalma as nossas dúvidas e prova com actos mais do que com palavras a sua honestidade?"
" Se se preocupa tanto com o nosso bem-estar, porque nos condena à esmola dos poderosos em vez de cuidar de distribuir melhor o que é de todos?"
"Se a sua voz é tão ouvida pelos que nos atacam, porque se remete ao silêncio e nos sujeita a tamanhos enxovalhes?"
Mas o Califa, ao sentir que essas vozes têm eco na razão dos homens o que faz?
Desvaloriza-as, insinua que se devem ao desespero de se verem ofuscadas pelo intenso brilho da sua sapiência, que são calúnias e insultos. No entanto as provas da sua cupidez existem e afrontam e rasgam a indiferença dos que não querem ver.
Explique-se o Califa que o povo agradece, ou então suma-se na sua pequena Taifa lá para os lados do Cavaquistão e deixe em paz os que não são, nunca serão seus servos.
Como diria o outro:
"Até quando Catilina abusarás tu da nossa paciência?"
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