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AVC - Acidente Vascular Camarário

Et voila.
O desacerto é tanto, o desconchavo tamanho, que os srs eleitos se assumem finalmente como donos da cidade.
Quem pensa como eles, ou quem não pensa, ou que julga que pensar faz calos, tem via aberta. Quem pensa diferente, faz diferente, cumpre diferente, exige respeito pela sua diferença e consideração pelo seu fazer, é amordaçado, constrangem-lhe a jugular e se se agita na necessidade de respirar, tapam-lhe a boca.
Só que se nuns casos a boca está ligada aos intestinos, noutros está ligada ao cérebro e aí reside o busílis, o pensamento tem asas, voa alto, em lugares absolutamente intangíveis pela mediocridade da ostentação, pela prepotência do poder bacoco.
Ao que julgo saber, a razão aduzida para tal AVC, (acidente vascular camarário) a razão expressa entenda-se, foi não ser permitida publicidade no feirático recinto fora do regulamentado... Brilhante! primeiro confunde-se publicidade com publicitação, de seguida arregimenta-se a matilha e acaba-se de uma penada com qualquer vestígio de cidadania que ainda possa dar luz a este penedo em que Évora se transformou.
Seria interessante passear um pouco pela vereda escondida por trás desta atitude, se o fizéssemos veríamos que para este grupo que ocasionalmente dirige a cidade, cultura e tráfego comercial de ideias, de propostas criativas, de concretizações artísticas se confundem. Só assim é possível chamar publicidade ao que ontem se passou. Nada de estranhar se atentarmos na arena, ou no centro de artes tradicionais, ou na pista de gelo no Giraldo, ou... enfim, se atentarmos apenas.
São os vendilhões do templo, os promotores da ignorância, da iliteracia. A cultura é um fermento de liberdade e por isso muito pouco conveniente para quem pratica publicidade enganosa e mais do que duvidosa.
Que vão para o raio que os parta!
Demitam-se!

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