Avançar para o conteúdo principal

A liberdade



Quer-se dizer, a liberdade não se toma às colheres, como o óleo de fígado de bacalhau, nem se esfrega na pele como um bronzeador, nem se receita a ninguém depois de uma invasão bem sucedida, como a democracia.
A liberdade é e pronto! Assim, sem mais nem aquelas. Ou se é livre ou não, sem espaços intersticiais a preencher, sem justificações nem pausas para aclimatar a má consciência que possa derivar de algum desvio. Não há lugar a compromissos!
Também não é como uma cebola, não é coberta por infindas películas descartáveis, não faz chorar, nem tão pouco é cozivel para acompanhar qualquer pratalhada de conveniência, do tipo bacalhau com todos …
Não é apropriável, nem exclusiva, não tem cheiro, nem cor, nem massa e é sempre continente. Vive-se nela muito embora dela se não possa viver.
Persiste muito além das fronteiras do tempo e insiste em eliminá-las. Como não é concessionável não se rege por valores materiais, não se traz no bolso.
A liberdade não é um peixe, não tem espinhas, nunca fica cravada na garganta de ninguém.
Tem muitos amantes, apenas amantes, porque não se vende liberdade, apenas se desfruta.
Hoje um desses amantes celebra essa estranha forma de amar. O meu amigo Carlos Júlio faz anos.
Viva a LIBERDADE!!!  E já agora um abraço de parabéns.

Comentários

  1. Fiquei corado há instantes quando abri o computador. Como é que alguém, amante da dita, que tem nome de avenida, mas que é um mar largo, revoltoso e turbulento, me consegue dedicar um texto que só ao seu autor cabe com perfeição? Aliás, pelo que sei e vou conhecendo, liberdade é também entrega, partilha, a capacidade de emoção coisas que raramente encontrei tão bem consubstancidas como no M. Sampaio. Claro que isto parece já, e apenas, uma troca de galhardetes sem sentido: és melhor do que eu porque eu sou melhor do que tu. Mas a verdade, verdadinha, é que estamos os dois de parabéns: nenhum foi agraciado com nenhum medalha este 10 de Junho por Cavaco, nenhum de nós foi eleito deputado nem sequer convidado para o governo.Nenhum de nós assinou qualquer memorando com qualquer troika, seja internacional, nacional ou local. O que só nos dignifica. E, se fossemos um vinho, estávamos no momento ideal da maturação para sermos bebidos. Mas com suavidade, é claro.Abraços. Carlos Júlio

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

A historia da Girafa sem Pescoço

Era uma vez uma girafa, muito simpática, que morava numa enorme savana, lá bem no coração de África. Mas a nossa amiga girafa, não era completamente feliz. Tinha uma pequena mágoa sempre a roer-lhe a alma. À primeira vista ninguém conseguiria dizer que ela não era uma girafa como as outras, com o seu enorme pescoço e as manchas castanhas a cobrirem-lhe o corpo amarelado. Como as outras girafas, tinha o seu jeito desengonçado de andar e o hábito de mastigar as folhas que ia tirando das árvores. Quem a visse diria sem qualquer dúvida que ela era uma vulgar girafa, a viver a vida de todas as girafas, mas não era bem assim. Lá na savana, ao cair da noite, todos os animais se juntavam e conversavam, contavam histórias e cantavam juntos canções que iam inventando no momento, mas, a nossa amiga limitava-se a ouvi-los, porque da sua garganta não saía nem um ai. Por ter um pescoço tão grande, ela não conseguia emitir qualquer som, mesmo o mais insignificante e  era essa a causa da sua mel...

Ali onde tudo é possível

Ali onde tudo é possível Um equilíbrio de pé ante pé numa singeleza de voo de borboleta Um córrego pelas linhas do eléctrico a desaguar no Tejo Águas de levada, sonhos, ânsias, brisas Mesmo mesmo mesmo em frente à Sé, por cima das pedras fenícias, gregas, romanas, mouras, pedras com pedacitos da pele de quem por lá andou,  ouvem-se ainda os gritos do povo a chamar a revolta. “Querem matar o Mestre! Querem matar o Mestre” E o sol a girar, a girar, no milagre anual do Fernando de Bolhões E o Cesário, o Verde E tudo, mas mesmo tudo misturado no fado Tudo a ir A misturar-se com as águas do Bugio... com as naus e as caravelas e os veleiros de três mastros a zarparem para os Brasis que em Lisboa já se fala francês... O Rei e a Carlota Joaquina e a resma de piolhos e de cortesãos empoeirados que foram com eles, mais a régia biblioteca que por lá ficou. Imagino os molhos de sertão e de samba e de escravos negros, polidos a óleo de amendoim e a talhe de chic...