Entrevista I

Afonso Henriques - O Dinossauro de Cinfães 

Encontramos o Afonso em Santiago de Piães no lugar dos Treze e logo encetámos conversa com aquele que foi alegadamente o primeiro rei de Portugal.

O dia soalheiro e a boa disposição do nosso interlocutor, conduziram-nos a uma conversa despretensiosa e reveladora do lado mais humano do  primeiro condenado por violência doméstica na história da justiça em Portugal.

- Sempre tive uma ligação muito forte a esta terra, nasci aqui no lugar de Cosconhe e por cá vivi, até me mudar com a família para Guimarães, quando o meu pai que era quadro superior da coroa, foi destacado para chefiar o gabinete de relações exteriores do Conde Henrique de Borgonha.

Algum tempo depois de termos chegado a Guimarães, o Conde foi até à Palestina em visita de estado e pereceu vítima de um atentado; passando então as rédeas do governo para as mãos de D. Teresa. É bom recordarmo-nos que à época ainda não nos tínhamos autonomizado “de jure” do reino de Leão e se bem que todas as estruturas do que viria a ser o reino já existissem, algumas não tinham ainda saído das respectivas comissões…

-Mas das suas palavras depreende-se que é filho de Egas Moniz e não de D Henrique.

- E onde está a dúvida? O filho do conde era aquilo que hoje se poderia apelidar de cromo, e eu rapidamente criei um grande ascendente sobre a figura. Quando o conde morreu, ele foi ao seu funeral no Acre e apaixonou-se por um templário, de tal forma e modo se envolveu, que me escreveu uma carta a propor uma troca de identidades que aceitei sem rebuço. Pôs apenas uma condição; uma tença anual que paguei religiosamente, concedendo à Ordem Templária a posse de inúmeros concelhos cujos rendimentos como é óbvio perfaziam o valor da dita tença.

Pensei que isto fosse do domínio público, pelo menos à época não era segredo para ninguém.

- Então isso quer dizer que nunca bateu na sua mãe.

- Que disparate! Nós, os Moniz somos muito ligados às mães…

(a continuar...)