Avançar para o conteúdo principal

O Jogo


Quando ouço falar dos "prémios" auferidos por vários gestores enquanto a generalidade dos cidadãos vive em condições difíceis de tolerar, a primeira coisa que me vem à cabeça é que se trata de um jogo. Um jogo só para alguns, mas um jogo.
Não acredito que o dinheiro lhes interesse, o móbil, o objectivo desse jogo é o poder. O dinheiro é apenas um dos referenciais desse poder.
Competem entre si, para ver quem é mais decisivo. Competem para saber quem, com as suas decisões, rearranja as posições das peças no tabuleiro. Só que esse tabuleiro é o reflexo das nossas vidas, mas isso para eles pouco importa, esse não é o seu objectivo, não lhes toca se os peões são pessoas, mulheres e homens, o que conta é o jogo. O seu lugar na hierarquia dos participantes.
Há muito perderam a noção da realidade, há muito que alijaram a capacidade de se colocar no lugar dos outros. No fundo se perderem um lance, resta-lhes recomeçar.  No seu delírio esquizofrénico, a realidade é aquela que criaram, não outra qualquer.
Ciclicamente trocam de posições, realinham estratégias, premeiam-se e recomeçam, baralham e dão de novo.
Só que se esquecem que qualquer jogo é determinado pelo acaso, pelo imponderável. Tão distantes estão do mundo, encafuados na sua torre de cristal, que não alcançam que um dia o jogo acaba.
Aí quando olharem em volta, se calhar, vão contemplar o deserto.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A historia da Girafa sem Pescoço

Era uma vez uma girafa, muito simpática, que morava numa enorme savana, lá bem no coração de África. Mas a nossa amiga girafa, não era completamente feliz. Tinha uma pequena mágoa sempre a roer-lhe a alma. À primeira vista ninguém conseguiria dizer que ela não era uma girafa como as outras, com o seu enorme pescoço e as manchas castanhas a cobrirem-lhe o corpo amarelado. Como as outras girafas, tinha o seu jeito desengonçado de andar e o hábito de mastigar as folhas que ia tirando das árvores. Quem a visse diria sem qualquer dúvida que ela era uma vulgar girafa, a viver a vida de todas as girafas, mas não era bem assim. Lá na savana, ao cair da noite, todos os animais se juntavam e conversavam, contavam histórias e cantavam juntos canções que iam inventando no momento, mas, a nossa amiga limitava-se a ouvi-los, porque da sua garganta não saía nem um ai. Por ter um pescoço tão grande, ela não conseguia emitir qualquer som, mesmo o mais insignificante e  era essa a causa da sua mel...

Os cães no Santuário de Fátima

Continuem a fechar os olhos...  Ju Carvalheiro O ESCANDALO do Santuário de Fátima em relação ao abate de animais é conhecido de muitos, mas ninguêm ainda conseguiu parar esta crueldade . As ordens partem da Reitoria do Santuário, para que todos os cães que aparecem por Fátima, quer sejam adultos ou cachorros, quer tenham donos ou não, são capturados pelos seguranças e colocados na caixa que apresentamos em foto. Esta caixa está mesmo nas traseiras do santuário, no local das oficinas. Ali ficam os cães durante algumas semanas, ao frio e á chuva de Inverno, á chapa do sol, no Verão. Sem direito a comida ou água, num espaço minimo onde a maioria nem se consegue colocar de pé... Existem alguns seguranças que não levam os cães capturados para este local, conseguem levar alguns para casa e adoptam-nos ou arranjam donos entre os seus vizinhos ou cologas de trabalho. Boa gente esta que sofre em ver os animais assim tratados, mas que se sente impotente com a ameaça de perderem os seus...

Abril dos meus encantos

Amanhã 25 de Abril Para muitos é uma data de calendário, um dia que foi e que se celebra por ter sido. Um marco a definir o antes e o depois. Antes a bruma medieval do fascismo do Estado Novo que se tornou velho, depois a Democracia, os cravos, o povo unido, o folclore produzido por aqueles que sendo passageiros do antes, tentaram impor de todas as formas o regresso às trevas da oligarquia que nos dominava. Para mim 25 de Abril será sempre o de 1974, quando eu tinha dezassete anos e encarava o mundo como um campo por lavrar, um imenso campo onde todo povo coubesse, uma lavra que por ser de todos não seria nunca de ninguém. Tinha então dezassete anos... Fui para o Carmo e andei pelas ruas e cantei e bailei e festejei antecipadamente o meu direito a errar, porque errar significa optar e optar é poder corrigir o erro. Desses tempos um ensinamento me ficou, uma mensagem de Abril, talvez a mais importante. Não há que ter medo! o medo é o pior inimigo do sonho, o medo tolhe, o medo s...