Quando ouço falar dos "prémios" auferidos por vários gestores enquanto a generalidade dos cidadãos vive em condições difíceis de tolerar, a primeira coisa que me vem à cabeça é que se trata de um jogo. Um jogo só para alguns, mas um jogo.
Não acredito que o dinheiro lhes interesse, o móbil, o objectivo desse jogo é o poder. O dinheiro é apenas um dos referenciais desse poder.
Competem entre si, para ver quem é mais decisivo. Competem para saber quem, com as suas decisões, rearranja as posições das peças no tabuleiro. Só que esse tabuleiro é o reflexo das nossas vidas, mas isso para eles pouco importa, esse não é o seu objectivo, não lhes toca se os peões são pessoas, mulheres e homens, o que conta é o jogo. O seu lugar na hierarquia dos participantes.
Há muito perderam a noção da realidade, há muito que alijaram a capacidade de se colocar no lugar dos outros. No fundo se perderem um lance, resta-lhes recomeçar. No seu delírio esquizofrénico, a realidade é aquela que criaram, não outra qualquer.
Ciclicamente trocam de posições, realinham estratégias, premeiam-se e recomeçam, baralham e dão de novo.
Só que se esquecem que qualquer jogo é determinado pelo acaso, pelo imponderável. Tão distantes estão do mundo, encafuados na sua torre de cristal, que não alcançam que um dia o jogo acaba.
Aí quando olharem em volta, se calhar, vão contemplar o deserto.
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