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Os monstros


O dique finalmente cedeu. O caudal foi demasiado forte mesmo para um dique chamado Igreja.
Durante séculos conseguiram encobrir toda a disfunção que o exercício não escrutinado do poder acarreta.
Sempre se soube o que se passava nas sacristias, nas residências pastorais, nos seminários, por toda a parte.
Mas sabendo-se, a informação não chegava a toda a gente, ficava circunscrita aos vizinhos da paróquia, era facilmente demarcada. Hoje em dia, com a velocidade quase instantânea com que a informação corre o mundo, a Igreja ou o seu braço secular não consegue impedir que as notícias sejam confrontadas, não consegue suster, por muito poderosa que seja, e ainda o é, a indignação das pessoas.
Tudo isto é apenas o começo da descredibilização de uma instituição que nada tem a ver com os ensinamentos libertários do seu fundador.
Não se pense no entanto que este fenómeno é exclusivo da igreja, é uma chaga social filha de uma sociedade sem valores, em que aos poderosos tudo é permitido, enquanto que aos mais fracos cumpre o papel de servos da gleba, de escravos contratados por senhores sem rosto, escravos que vendem a sua dignidade e a dos filhos em troca da subsistência.
não nos iludamos os monstros não se vestem apenas de púrpura, há-os por aí em qualquer lado, onde menos se espera

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