Avançar para o conteúdo principal

Pina Manique

Não resisto em divulgar esta missiva.
Tão actual, no que ao relacionamento e repeito pelos outros concerne.












Cópia autêntica da carta existente na Biblioteca Nacional de Lisboa
dirigida por Pina Manique, Corregedor de Santarém
(e futuro Intendente de Polícia do Marquês de Pombal),
ao Duque de Cadaval, Corregedor Mor da Justiça do Reino.

"Exmo. Sr. Duque de Cadaval:

Se meu nascimento, embora humilde, mas tão digno e honrado como
o da mais alta nobreza, me coloca em circunstância de V. Excia. me tratar por TU,
Caguei para mim que nada valho.

Se o alto cargo que exerço, de Corregedor da Justiça do Reino em Santarém,
permite a V. Excia., Corregedor Mor da Justiça do Reino, tratar me acintosamente por TU,
Caguei para o cargo.

Mas, se nem uma nem outra coisa consente semelhante linguagem, peço a V. Excia. que
me informe com brevidade sobre estas particularidades, pois quero saber ao certo se
devo ou não Cagar para V. Excia.

Santarém, 22 de outubro de 1795

PINA MANIQUE
Corregedor de Santarém "



(com a devida vénia a Luis Gaspar)

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A historia da Girafa sem Pescoço

Era uma vez uma girafa, muito simpática, que morava numa enorme savana, lá bem no coração de África. Mas a nossa amiga girafa, não era completamente feliz. Tinha uma pequena mágoa sempre a roer-lhe a alma. À primeira vista ninguém conseguiria dizer que ela não era uma girafa como as outras, com o seu enorme pescoço e as manchas castanhas a cobrirem-lhe o corpo amarelado. Como as outras girafas, tinha o seu jeito desengonçado de andar e o hábito de mastigar as folhas que ia tirando das árvores. Quem a visse diria sem qualquer dúvida que ela era uma vulgar girafa, a viver a vida de todas as girafas, mas não era bem assim. Lá na savana, ao cair da noite, todos os animais se juntavam e conversavam, contavam histórias e cantavam juntos canções que iam inventando no momento, mas, a nossa amiga limitava-se a ouvi-los, porque da sua garganta não saía nem um ai. Por ter um pescoço tão grande, ela não conseguia emitir qualquer som, mesmo o mais insignificante e  era essa a causa da sua mel...

Ali onde tudo é possível

Ali onde tudo é possível Um equilíbrio de pé ante pé numa singeleza de voo de borboleta Um córrego pelas linhas do eléctrico a desaguar no Tejo Águas de levada, sonhos, ânsias, brisas Mesmo mesmo mesmo em frente à Sé, por cima das pedras fenícias, gregas, romanas, mouras, pedras com pedacitos da pele de quem por lá andou,  ouvem-se ainda os gritos do povo a chamar a revolta. “Querem matar o Mestre! Querem matar o Mestre” E o sol a girar, a girar, no milagre anual do Fernando de Bolhões E o Cesário, o Verde E tudo, mas mesmo tudo misturado no fado Tudo a ir A misturar-se com as águas do Bugio... com as naus e as caravelas e os veleiros de três mastros a zarparem para os Brasis que em Lisboa já se fala francês... O Rei e a Carlota Joaquina e a resma de piolhos e de cortesãos empoeirados que foram com eles, mais a régia biblioteca que por lá ficou. Imagino os molhos de sertão e de samba e de escravos negros, polidos a óleo de amendoim e a talhe de chic...