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Champô


Portugal é na União Europeia o segundo país com maiores desigualdades sociais.
Sem um tecido produtivo consistente, temos vivido à custa dos apoios que chegam da União e que em vez de serem utilizados para criar riqueza e gerar desenvolvimento, foram e são desbaratados em obras de fachada, pouco ou nada úteis na sua maioria, ou então desviados para as contas daqueles que lhes têm acesso.
Uma classe governante inapta, tentou fazer-nos crer que esse rio de dinheiro seria inesgotável e pior do que isso, que os generosos ofertantes não queriam contrapartidas, que o seu objectivo seria apenas o nosso bem-estar.
Entretanto acabamos com a nossa frota pesqueira, demos cabo da agricultura, arrasamos com a incipiente indústria que ainda tínhamos.
Para dourar a pílula inventaram-se umas parcerias com grandes empresas multinacionais, que por cá instalaram algumas fábricas entretanto fechadas e fizemos a grande aposta no turismo, como se fosse possível transformado o país numa espécie de jardim zoológico viver apenas da receita dos ingressos.
Durante anos a fio, desde o consulado de Cavaco Silva, fomos vivendo nesta ilusão, a engolir engodo, anzol, linha, cana e o mais que viesse, convencidos que tudo estava bem, apesar dos sinais que se iam acumulando a anunciar borrasca da grossa.
Nem quando a Grécia sucumbiu às consequências de um desvario muito próximo do nosso, abrimos os olhos. Agora tocou a vez à Irlanda e a seguir seremos nós.
Sentimos isso no ar, apesar de todas as tentativas daqueles que estão instalados no poder em afirmar o contrário, nós sabemos que não conseguiremos fugir a este remoinho que nos arrasta para o fundo, a não ser que tudo mude, começando pelos responsáveis principais deste descalabro, que são precisamente aqueles que estando na origem da crise insistem no mesmo descaminho que conduziu a ela.
As bases do nosso sistema social são esmagadas pelo excessivo peso do topo. Uns quantos parasitas iluminados, cheios de benesses, ganhando rios de dinheiro, vivem nas costas do povo como se nada se passasse, como se a miséria de uns, não fosse o problema de todos.
Os parasitas só existem enquanto existir hospedeiro, e sabendo disso, sugam-no até ao limite do suportável, até lhe tirarem as forças necessárias para reagir, deixando-lhe apenas o suficiente para que sobreviva e possa assim continuar a alimentá-los.
Mas, sem hospedeiro, não há parasitas, era bom que nos lembrássemos disto e de tempos a tempos procedermos a uma limpeza.
Para nosso próprio bem.


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