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Um dos Marx


O sr Marx dizia para quem o quisesse ouvir, que jamais faria parte de um clube que o aceitasse como sócio.
Sábias palavras.
Dignas do Maio de 68, a revolução apocalíptica que encerrou a era do electrodoméstico.
Entramos de rompante no tempo do faça você mesmo, cultivadores do hedonismo, anárquicos e individualistas; rompemos as grilhetas da família Silva, ponderada e apolínea, amante do aforro e do plástico, das rádio novelas e da compostura apagada da televisão a preto e branco e atiramo-nos de cabeça para o eu existencialista, ausente de determinismos, fazedor das suas próprias limitações. Ao abdicar voluntariamente da tribo, a mobilidade reentrou nos nossos hábitos, retornamos ao nomadismo; mais absolutos, abstraimo-nos das fronteiras, avezamos novas dimensões.
Agora as palavras do senhor Marx (o Groucho) já não são premonitórias, estão gravadas no nosso código de barras.
Assim a modos que uma Torre de Babel.

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