Existe em Évora, uma mulher que tem a seu cargo dois filhos. Um rapaz e uma rapariga. A menina, vítima de paralisia infantil, tem sérios problemas de locomoção.
Esta mulher trabalha, pagam-lhe o salário mínimo. Com esse dinheiro têm de viver os três.
Agora viu serem-lhe cortados alguns apoios sociais.
Mudou de casa, optou por um sítio com renda ainda mais baixa.
Enquanto até aqui a escola da sua filha era próxima do local de residência, agora tem de apanhar um transporte público para levar a menina às aulas. Chova, faça frio ou calor, este calvário repete-se quotidianamente.
Entretanto quem legisla sentado nos gabinetes com ar condicionado, com carro do estado, com todas as mordomias obscenas pagas com o nosso dinheiro, preocupa-se com a crise, afinca-se na redução das despesas, lida com números, gráficos, projecções...
Ao fim do dia vai para a sua casa, para o conforto que lhe proporcionamos com os impostos que pagamos e escreve um artigo de opinião a dizer que os portugueses, essa entidade distante que apenas consegue abstrair, vivem acima das suas possibilidades.
Eu que conheço essa mulher de quem sou amigo, que conheço os filhos, crianças adoráveis, só tenho vontade de partir para a luta, de pôr de lado qualquer argumentação que não seja a rudeza das acções.
Isto já lá não vai com palavras.
Estes filhos da puta só conhecem uma linguagem.
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