Cai a chuva sobre a cidade
Véus cinzentos cobrem a alma das gentes, é quase noite. Muitos vão para casa, outros nem tanto.
Deixam-se ficar nos umbrais a ver a chuva cair, miudinha, como um manto sofrido, pensamentos entrecortados como soluços invadem-lhes a alma. Os brinquedos dos miúdos, o emprego, as prestações em atraso que se vão acumulando…
Algumas alegrias contudo terão, mas são tão poucas, tão ténues, tão ensombradas pelo desencanto dos dias…
Deixam-se ficar e pronto.
Por cada gota que cai um sonho se perde, diluído na água que corre no sentido do mar.
Por cada sonho desfeito uma vida se transforma.
Deixam-se ficar a ver.
O que poderiam ter sido, o que nunca serão.
O mar eterno de gotas salgadas da chuva das almas.
Das gentes do meu país.
Tanto mar...
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