A vida que se mede, se pesa, se compara, a vida sucessiva feita de apegos, de lastros, de simbólicas conquistas, essa vida esmaga-nos com o peso do efémero, com a espuma dos dias.
Abdico boamente dessa vida apenas pela eternidade de um momento, pelo vislumbre irrepetível do ser.
A amizade é isso, um momento. Aquele em que dois, apenas, decidem dar as mãos.
Perpétuo momento, Natal.
Hoje o Pedro, um dos meus momentos:
"Como as meninas na roda a brincar
Unem-se as casas na rua a estreitar
E quando o sol ali se enfia é um lápis
Que se afia para mais rapidamente colorir o dia
E já ouço a vizinha de cima a gritar ao marido:
O que tu querias, o que tu querias sei eu
Era que fosse uma puta como as outras!!!
E há logo janelas a abrirem-se de repente
As amigas usam o fio dos estendais
Para comentar tudo isto muito telegraficamente."
Foi-se embora o Pedro, passou por cá como um asteróide a rasgar o céu.
Mas para mim é eterno.
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