Desengane-se quem julga que em Évora não existem vacas sagradas. Elas existem e passeiam-se pela cidade, impávidas, ostentando o seu estatuto de intocáveis, indiferentes ao resto da manada.
Fazem o que querem e como julgam que o podem fazer, não têm critério, fazem e pronto.
Assumem compromissos apenas por assumir, já que quase nunca os honram, prometem por prometer, apenas para vislumbrar na expressão dos outros um ar de espanto, divertem-se assim, são Narcisos, contemplam o reflexo que criaram de si e vivem contentes.
Pouco lhes importa o sofrimento dos outros, o sofrimento que provocam aos outros, porque não o sentem.
Nada lhes diz o rasto de desolação que deixam à sua passagem. São vacas sagradas.
Vivem encastelados no seu mundo de enganos e mistificações e engendram maneiras de ficar com o melhor pasto que dividem entre si, porque partilhar não é com elas.
As vacas sagradas não têm amigos, são sagradas, exigem admiradores, crentes, aspirantes à sua exclusiva manada, são um clube: o clube das vacas sagradas.
Quando a sua teia de mentiras é exposta, ficam um pouco aflitas e escolhem uma para o sacrifício, até participam na imolação. Expiam assim as suas culpas, as vacas sagradas.
As vacas sagradas são avessas à cultura, à solidariedade, ao senso comum. Vivem de imagens a que sobrepõem outra imagens, porque não têm perspectiva, nem profundidade, tudo nelas é imediato.
Alimentam inúmeros parasitas, que as apoiam e dão a cara por elas, porque para os parasitas sempre terão de existir vacas sagradas, sejam elas quais forem.
As vacas sagradas não têm préstimo algum para além de serem sagradas, pois nem decorativas são .
As vacas sagradas de Évora não fazem falta, mais tarde ou mais cedo acabarão, e, os parasitas com elas…
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