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Homunculus



“Sampaio, fumas demais e depois é esta conversa. Sabes que houve eleições, onde perdeste estrondosamente, e que até novas, o poder é para se exercer. Nessa tua cabecinha queimada continuas a fantasiar com revoluções, bombas e o poder na rua enquanto te deleitas por não ter responsabilidade nenhuma senão tratar dessa proeminente barriga. Poupa-nos.”
23 Fevereiro, 2011 14:25


Os homunculus, são a escória da escória, o produto do lixo que não decompõe e é varrido por vassoura incauta para debaixo do tapete.
É aí, nesse espaço abaixo do que os homens pisam que os homunculus se desenvolvem.
Atingida a maturação plena vêm à superfície e de imediato arranjam dono, porque precisam de dono que os sustente, que lhes ordene o que fazer, como deverão proceder, já que os homunculus, apesar da sua aparência humana, são vazios, desprovidos de razão, de sentimentos, de vontade, são objectos a utilizar por quem deles quiser dispor. Como são vazios, a sua fidelidade é momentânea, ditada apenas pela proximidade e poder de quem os comanda. Mudam-lhes o dono, mudam-lhes a orientação.
Os homunculus não têm opinião acerca de nada, por isso não a expendem; por vezes, seguindo a voz do dono, tentam articular um parecer, mas como debitam apenas, confundem-no com insultos, e atacam o alvo, nunca o que ele representa. Fazem-no anonimamente porque não têm nome, nem tempo, porque não têm existência própria.
Há alguns homunculus provisoriamente sem dono e esses, sendo de entre todos os mais risíveis, preenchem o seu absoluto vazio, destilando aquilo que fora do seu vácuo existencial se lhes afigura mais próximo do ódio; o único sentimento que conseguem aperceber, por ser também ele próprio o mais irracional dos sentimentos.
Os homunculus são as mascotes do poder imposto, do medo, da intimidação, os homunculus apenas estão, não existem, são custos impostos pelas sociedades sem apego á diferença, sem amor à cultura, sem amor pela Liberdade.


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