Confesso que jamais me passou pela cabeça pôr os meus filhos e filhas no ensino privado.
Não por uma questão económica, mas porque entendo que o ensino público estará em principio melhor apetrechado e mais vocacionado para uma educação formadora, aberta e democratizada do que a esmagadora maioria dos estabelecimentos privados que por aí pululam.
É importante para mim, como para quaisquer pais, que os meus filhos cresçam e se estruturem num ambiente plural, de respeito e abertura, que interiorizem valores de cidadania, que aprendam no convívio com a diferença que o ensino público proporciona.
Todos pagamos impostos convictos de que o dinheiro com que contribuímos para o bem-estar colectivo, apesar de todas as vicissitudes conjunturais e de todas as limitações que possam surgir devidas à sua escassez, é prioritariamente empregue na formação das nossas crianças e jovens. Não nos passa pela cabeça que quem transitoriamente governa a coisa pública, abdique do futuro de um país de ânimo leve, muito menos que utilize as verbas que lhe pomos nas mãos para criminosamente tapar os buracos originados pela sua incompetência, isso seria crime.
Ninguém com um pingo de dignidade, abdica do futuro das crianças do seu país, para pagar juros à banca, ou para satisfazer a cupidez dos mercados, ou para encobrir os desvios da sua avidez. Ninguém com coluna vertebral caso cometa esse crime de lesa pátria, tentaria encobri-lo falsificando números, promovendo a incompetência e a ignorância nas escolas deste país. Ninguém que não seja uma amiba, exige dos professores a promoção da incompetência, forçando-os sob ameaças e pressões várias a fazer transitar alunos impreparados para patamares de exigência superior. Ninguém no seu juízo perfeito admite que alunos do quarto ano não saibam ler nem escrever e mesmo assim exija dos professores que os passem para o quinto ano, só para ficar bem na fotografia e embelezar as estatísticas. Ninguém medianamente lúcido elabora provas de aferição com perguntas de cacaracá só para que os números do sucesso possam ser debitados nos jornais das oito, Ninguém com dois dedos de testa fecha escolas só para poupar uns cobres e poder gastá-los em acções de propaganda. Ninguém honesto permite que as refeições servidas nas cantinas escolares sejam insuficientes para alimentar crianças que por vezes não têm outra refeição digna desse nome. Nenhum governante permitiria que crianças de tenra idade tenham de levantar-se de madrugada só para ir à escola. Nenhum ser humano digno desse nome seria capaz de brincar com o futuro dos nossos filhos apenas para se perpetuar no poder.
Isso é coisa de ditadura, impensável no país que nasceu de Abril, porque se assim fosse, o povo de certeza que abriria os olhos e corria com esses tipos do poleiro…
Ámen (não, não estudei num colégio privado católico!). Que os cordeiros se façam leões, já basta dessa gente que tão bem descreves como impensável de assim serem. Que contentes ficam sabendo que governam analfabetos...que fáceis são de serem mandados, os analfabetos.
ResponderEliminar