Hoje é um dia histórico.
O Egipto acordou e mostrou ao mundo, que os homens no poder, os homens que querem controlar o poder, não passam de tigres de papel.
Ficou provado que a força está do lado do povo, sempre.
Ficou provado também que o único obstáculo que nos separa da verdadeira democracia, daquela que genuinamente representa o poder do povo, é o medo.
Os tiranos vivem do medo que instilam, alimentam-se dele, porque sabem que o medo paralisa, que o medo tolhe, que o medo não deixa viver, permite apenas que se sobreviva e permite-o porque sem isso perde a sua razão de existir.
Os tiranos vivem do preconceito, vivem da ignorância e da indiferença.
Vivem apenas porque os deixam viver, não porque o mereçam.
Os tiranos não querem saber dos nossos filhos, ignoram os nossos pais, que já não lhes servem, ignorar-nos-ão a nós que agora lhes somos submissos.
Os tiranos não têm pátria, nem família, não têm sequer uma sombra que os acompanhe, porque desaparecidos, não deixam rasto da sua existência, apenas da sua passagem, um rasto de dor e morte e fome e miséria, que é o rasto comum a todos eles, sempre o foi desde que os tiranos existem.
Os tiranos surgem dos nossos pavores, a sua imagem é difusa, porque somos nós que a criamos, como crianças em quarto escuro.
São cinzentos e quando deslizam nas suas nuvens de enxofre o ar fica frio e irrespirável.
Hoje o Egipto desfez-se de um, hoje o mundo vai dormir mais leve, porque entre nós houve um povo, hoje, que se esqueceu do medo.
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