Soube agora que o Antigo Museu do Artesanato fechou para obras.
É esta a perspectiva de cidadania que rege os decisores políticos desta cidade, decidem corajosamente nas costas dos munícipes, tomam decisões arbitrárias à revelia do mais elementar bom senso.
Fazem porque podem, armados em tiranetes de ópera bufa, destroem o património cultural de uma cidade, de uma região, porque lhes dá jeito, porque num dia qualquer, numa sala qualquer se reuniram e decidiram entregar o que é público, um espaço que é de todos à exploração de um privado, contra todos os pareceres de todas as instituições relevantes na área da museologia, regionais e nacionais.
E quais os argumentos por eles aduzidos?
Argumentos pífios! Como pífias são as suas decisões, como pífia é a sua ética, o seu comprometimento democrático.
Sempre contornaram de forma mais que duvidosa todos os argumentos contrários, sempre faltaram à verdade, sempre se esquivaram a dar a cara de forma frontal, digna.
Agora que mais uma vez a sua pobre, primária defesa caía por terra, agora que mais uma vez foram confrontados com a defesa serena, democrática daqueles que têm opinião contrária, o que fazem? Juntam-se como conjurados, fecham o CAT para obras e preparam-se para gastar o que têm e não têm para entregar durante dez anos, ou serão menos? A gestão daquele espaço a um coleccionador de design que numa operação de cosmética, ou de mágica de “vaudeville” transformou uma colecção de design industrial do séc. XX, numa coisa intitulada “da pedra lascada ao ipod,” a ser apresentada para gáudio dos prepotentes que a sustentam, num espaço que entenderam por bem apodar de museu do artesanato e design, ou do design e artesanato, ou da pouca-vergonha institucional, ou do clientelismo institucionalizado, ou do que lhe quiserem chamar… porque na prática vai dar no mesmo, será sempre o museu do aproveitamento e compadrio que os incompetentes que decidem do destino daquilo que é nosso, malbaratam impunemente.
Não satisfeitos com o caos em que transformaram esta cidade, com todas as promessas vãs que ficaram por cumprir, com os milhares gastos em promoções bacocas e em obras de fachada, vão agora entregar de mão beijada um espaço museológico que a sua incompetência e irresponsabilidade quase destruíram a alguém que, se calhar precisava de um espaço para alojar a sua colecção de design a baixos custos de manutenção.
Estou indignado!
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